Fusões
e Aquisições
Iniciamos este assunto tratando da fusão das empresas Bayer e
a Monsanto que anunciaram na data de 14/09/2016 um acordo
definitivo de fusão – acordo esse que possibilitou que a Bayer adquirisse a empresa norte-americana por um
valor de US$ 128 por ação, totalizando US$ 66 bilhões. Sabendo
que alguns meses a companhia alemã havia oferecido US$ 122 por ação, elevando a proposta em julho para US$ 125 e para
US$ 127,50 no início de setembro.
Vamos conhecer mais sobre este tema:
Em função de caráter secreto destas transações, surgiu uma grande infraestrutura para dar sustentação a essas transações, incluindo bancos de investimentos, advogados, consultores, empresas de relações públicas, contadores, investidores privados além de investigadores particulares.
Há muito tempo as Fusões
e Aquisições (F&A) fazem
parte do panorama corporativo e têm grande importância na realocação dos
recursos na economia e na execução de estratégias corporativas, pois elas
constituem em alternativas muito interessantes para a adequação do porte e da
estrutura organizacional das empresas ao mercado e à conjuntura econômica
mundial. Apresentam crescente papel na economia globalizada e têm alterado as
relações entre as empresas e as configurações das redes organizacionais.
As Fusões ocorrem quando duas ou mais empresas
são combinadas e a empresa resultante mantém a identidade de uma delas, já a
Aquisição ocorre com a compra de um número suficiente de participações de ações
e a empresa adquirida é tratada como um investimento pela empresa adquirente.
Fusões e
Aquisições (F&A) tornaram-se famosas nos Estados Unidos no fim do século
XIX, com as atividades do “rubber barons” e com as atividades de consolidação
do J.P. Morgan e outros no início do século XX. Desde então ocorreram diversas
ondas de atividades, representando no início da década de 70 entre 40% e 50% de
todas as transações corporativas. E a Europa também vem experimentando uma
elevação drástica destas atividades que foram geradas pela introdução do euro
pela capacidade excedente em muitos setores e pelas medidas tomadas para tornar
seus mercados de capitais mais amigáveis para o acionista. Por diversos
motivos, os mercados asiáticos apresentam menor número deste tipo de atividade;
mas é possível que no Japão ocorra alterações na medida em que se recupera da
estagnação econômica. No que se refere ao Brasil desde 1995 o país ocupa o
primeiro lugar na América latina em número de operações de fusões e Aquisições
(M&A) de empresas. Estas operações têm auxiliado as empresas brasileiras na
renovação do parque industrial, na obtenção de tecnologia e na
capitalização.
Em função de caráter secreto destas transações, surgiu uma grande infraestrutura para dar sustentação a essas transações, incluindo bancos de investimentos, advogados, consultores, empresas de relações públicas, contadores, investidores privados além de investigadores particulares.
Os principais motivos apontados pelos
pesquisadores como propulsores destas operações são os supostos ganhos de
eficiência e sinergias, no entanto muitas aquisições corporativas não elevam
valor para o acionista. Dois tipos pesquisas dão suporte a esta afirmativa. Os
estudos acadêmicos avaliam a reação do mercado ao anúncio de uma transação
antes que ela ocorra (ex ante), considerando não somente os custos benéficos
previstos de uma transação, mas também as expectativas do mercado em relação ao
fato de a transação ser ou não consumada. Assim o mercado se antecipa,
identificando o preço pago, as sinergias em potencial, as equipes e
administração envolvidas, buscando uma estimativa de que a transação, realmente
agrega valor à empresa. Outra abordagem faz uma análise após a conclusão da
fusão ou aquisição, avaliando em retrospecto o que efetivamente se atingiu em
comparação com o que era esperado (ex post).
O objetivo deste trabalho não é obter
respostas mostrando as fusões e aquisições como benéficas para as empresas ou
para a economia como um todo. Estas atividades poderão ser lucrativas para os
acionistas da empresa adquirente e da adquirida, porém desfavoráveis para a economia
se é criado um monopólio que prejudique os consumidores. Por outro lado, ganhos
reais de eficiência podem resultar em produtos de maior qualidade e menor
custo. Neste caso a economia como um todo tenderá a ser mais vibrante e rica em
oportunidades e geração de empregos se os recursos forem constantemente
deslocados de usos de menor valor para outros mais rentáveis.
A ONDA INTERNACIONAL
DE FUSÃO E AQUISIÇÃO DESDE OS ANOS 90
O processo de fusões e aquisições constitui
um dos fenômenos de destaque no cenário econômico internacional, principalmente
a partir da década de 80, quando a denominada quarta onda de F&A ganhou
impulso com o intenso desenvolvimento tecnológico das telecomunicações, dos
transportes, alem de maior integração dos mercados e abertura econômica de
muitos países.
A literatura
econômico-financeira internacional, baseada principalmente no mercado
norte-americano, assinala quatro ondas de F&As, as quais desempenharam um
papel relevante, em âmbito mundial, na concentração de capitais, na
reestruturação patrimonial e na consolidação de setores econômicos - porem foi à década de 90, que marcou uma nova fase das fusões e
aquisições com um recorde de US$720 Bilhões na procura de ativos de ouras
empresas em outros países. Na Europa, essa reestruturação começou pela Grã
Bretanha.
Com a abertura da economia, empresas e conglomerados dependem de maior eficiência e competitividade. A recente onde de F&A pode ser explicada através do core business, conglomerados que se desfazem de parte dos negócios para se concentrar no seu setor principal, e também o market share, a necessidade de obtenção de sinergias pela aquisição de novos empreendimentos, ambas, formas de ampliar o poder competitivo a das empresas.
As principais participantes nessa onda são as
empresas transnacionais, que de acordo coma definição de Michalet (1996) “é uma
empresa de grande porte, que, a partir de uma base nacional, implantou no
exterior varias filiais em vários países, seguindo uma estratégia e uma
organização, concebidas em escala mundial”.
Dunning (1998) propôs um paradigma denominado OLI
(Ownership, Location, Internalization) que segundo ele, estabelece atividades
que adicionam valor no exterior quando as três condições forem satisfeitas:
· Ownership: a firma possui vantagens de
propriedade que tomam posse de ativos intangíveis e vantagens de governança
comum.
· Internalization: vantagens de
forma a evitar custos de busca e negociação para evitar custos e garantir o
cumprimento de direitos de propriedade intelectual, qualidade de insumos e
produtos intermediários para controlar o fornecimento e condição de venda dos
mesmos.
· Location: vantagens locacionais relacionados aos recursos naturais
ou “elaborados”. Envolvem recursos como energia, trabalho, especializações,
além de custos de transporte e comunicações, infraestrutura do país, incentivos
e desincentivos ao investimento.
Se apenas a vantagem da propriedade estiver
presente, a empresa pode atender o mercado estrangeiro através de contratos
para transferência de recursos. Caso existam vantagens de propriedade e de
internalização, o comércio de bens e serviços terá lugar. Apenas quando as três
vantagens se combinarem existirá o investimento direto no exterior.
Um estudo no World Investments Reports (1998)
mostra que nos anos 90 ocorreu um movimento de internacionalização das
economias identificado pela nova onda de F&A, reduzindo o investimento do
tipo greenfield. O investimento direto aumenta a sua participação na transferência
de ativos já existentes para novos proprietários como estratégia defensiva ou
ofensiva de empresas em busca de expansão.
As atividades das CTNs (Corporações
Transnacionais) têm crescido de forma espetacular, sendo que, o investimento
estrangeiro direto (IED) destas empresas, ou seja, o investimento que realizam
em países diferentes de sua sede de origem, quase quadruplicou, saindo de
US$1,7 trilhões em 1990 para US$6,6 trilhões em 2001. Estima-se que haja 64 mil
CTNs, envolvendo cerca de 840 mil empresas afiliadas estrangeiras. As empresas
afiliadas detêm cerca de 54 milhões de empregados, mas sua importância
econômica é mais significativa se forem consideradas as relações ‘inter-organizacionais’
com outras empresas nos diversos países (UNCTAD, 2002).
Os processos de fusão e aquisição permitiram um aumento significativo de concentrações mundiais, caracterizado por situações de oligopólios mundiais, que definem a nova estrutura da economia global. O principal objetivo é quebrar as barreiras nacionais e impulsionar a globalização produtiva e financeira garantindo a crescente liquidez internacional que permite as CTNs obterem lucros no mundo inteiro. (Chesnais, 1994)
A
experiência brasileira, em relação aos processos de reorganização e
conglomeração patrimonial via FA, foi profundamente influenciada pelas
tendências de oligopólios mundiais acompanhadas por um grande volume de IED nos
países da tríade (EUA, Japão e União Europeia).
ASPECTOS FUNDAMENTAIS
DE AQUISIÇÕES
(Conceitos)
Para a construção de suas cadeias globais,
as empresas transnacionais utilizam como um dos principais mecanismos, o fluxo
de investimentos diretos no exterior, adquirindo empresas instaladas,
construindo ou ampliando suas capacidades produtivas por meio de colaboradores
e alianças. Esses investimentos têm como objetivo ampliar a market share;
buscar recursos naturais; buscar capacitação estratégica, e/ou eficiência
produtiva (Dupas, 2001).
Segundo DODD (1980), uma fusão é uma transação na
qual uma firma (a adquirente) compra ações circulantes ou ativos de outra (a
alvo).ROSS, WESTERFIELD e JAFFE (1995) declaram que na fusão ou consolidação as
firmas envolvidas geralmente têm porte semelhante e combinam-se mediante uma
simples permuta de ações, dando origem a uma outra empresa, ou seja fusão é a
união de duas ou mais empresas que deixam de existir legalmente para formar uma
terceira, com nova identidade, teoricamente sem predominância de nenhuma das
empresas anteriores e normalmente, ocorre o controle administrativo da maior ou
da mais próspera.
Na aquisição, no entanto, ocorre a compra do
controle acionário de uma empresa por outra, determinando o desaparecimento
legal da empresa comprada. Implicando em alto grau de investimento e de
controle, além de um processo de integração mais complexo. Assim, trata-se da
compra de uma empresa por outra, e somente uma delas mantém a identidade. A
abordagem tradicional, que leva em consideração os fatores financeiros e
estratégicos que motivam a operação, não é suficiente para explicar sua
complexidade. Na realidade, as ações e atividades na gestão do processo têm
grande influência nos seus resultados. Segundo estudos realizados por
Haspeslagh e Jemison (1991), o processo de decisão e de integração tem um
impacto significativo nas idéias, na justificação, nas abordagens de integração
e nos resultados.
Haspeslagh e Jemison, Barros (2003) complementam
indicando que nas aquisições ocorrem etapas consecutivas e interdependentes,
que vão desde a escolha da empresa, envolvendo a intenção da operação; a due
diligence; a negociação; e a integração. A escolha da abordagem de integração
mais apropriada está diretamente relacionada ao motivo da aquisição.
Dessas definições podem-se depreender algumas
distinções básicas entre fusão ou consolidação e aquisição:
· Em uma fusão seguida de uma
consolidação há a criação de uma nova firma, enquanto na aquisição uma das
empresas envolvidas mantém a sua identidade jurídica;
· Na fusão, a forma de pagamento
utilizada é uma permuta de ações, enquanto na aquisição a forma de pagamento
pode ser dinheiro, ações, títulos;
· Na fusão, as firmas geralmente
são do mesmo setor, têm a mesma atividade-fim, enquanto nas aquisições é comum
ás firmas serem de setores diferentes.
Tipos de fusão ou aquisição
Segundo ROSS, WESTERFIELD e
JAFFE(1995), uma fusão ou uma aquisição podem ser: horizontais: união entre
firmas atuantes no mesmo ramo de atividade, geralmente concorrentes; verticais:
quando resultam da união entre firmas que fazem parte da mesma cadeia
produtiva, podendo ser para cima (montante), em direção aos fornecedores, ou
para baixo (jusante), em direção aos distribuidores; •em conglomerado ou
cosseguro: quando envolvem firmas em ramos de atividade não relacionados, cujo
principal objetivo, na maioria das vezes, é a diversificação de investimentos,
visando a reduzir riscos e aproveitar oportunidades de investimento. WESTON e
BRIGHAM (2000) assinalam ainda a Fusões e Aquisições congênere, que envolve
empresas que estão na mesma indústria, mas não atuam na mesma linha de
negócios, não sendo nem fornecedoras nem clientes.
Aquisições Alavancadas
Esse movimento originou-se a
partir da década de 80 e envolve o uso de grandes montantes de dívida para a
aquisição de uma empresa. Aquisições alavancadas são exemplos de fusões
financeiras, pois se forma uma instituição que aumenta ao seu fluxo de caixa e
valor agregado. Para ser realizada tal operação, a empresa alvo deve apresentar
de acordo com Gitman (1997) três atributos:
- Situação financeira sólida no setor; lucro nos últimos anos e expectativas de
crescimento da atividade produtiva da empresa.
- Nível de
endividamento baixo, alto índice de ativos com boa liquidez que possam ser
usados como colateral em empréstimos.
- Bom nível de
capital de giro, fluxo de caixa estáveis e previsíveis, com recursos
suficientes para o pagamento da dívida e dos juros.
Formas de aquisição e transferência ou tomada de controle
(takeover)
Os estatutos corporativos exigem que propostas de
compra de fusões e aquisições sejam aprovadas por acionistas majoritários das
firmas-alvo, com a porcentagem de votos a favor variando de 50 a 66,66%. Além
disso, a proposta deve ser aprovada pelo quadro de diretores dessas firmas, o
qual tem o poder de vetá-la ou aprová-la (DODD, 1980). Uma fusão ou
consolidação é um dos métodos pelos qual uma firma pode adquirir outra. Além de
ser feita por fusão, a aquisição pode ocorrer por meio da compra de ações ou
ativos, mediante pagamento em dinheiro, ações ou títulos, via bolsa de valores;
oferta privada da administração da firma adquirente à administração da firma a
ser adquirida; ou mediante uma oferta pública de compra (tender offer), feita
pela firma adquirente diretamente aos acionistas da outra.
HUANG e WALKLING (1987) destacam que a
escolha entre fusão e proposta pública de compra em uma aquisição é motivada
pelos custos, os quais estão associados ao prêmio requerido pelo controle
exigido pela administração da firma-alvo.
Historicamente, propostas públicas de
compra têm sido associadas com pagamento em dinheiro, e fusões, com pagamento
em ações. Dependendo da forma como a fusão ou aquisição é conduzida, ela pode
ser hostil (hostile takeover) ou amigável (friendly takeover). As amigáveis
podem ser definidas como uma mudança na propriedade corporativa sem uma mudança
acompanhante no controle administrativo, enquanto as não amigáveis podem ser
definidas como um lance de tomada de controle não solicitado, que resulta na
substituição da administração da firma-alvo (HIRSCHEY, 1986).
Segundo MANNE (1965), a tomada de controle
(takeover) é mais atrativa e mais cara. Ele aponta três mecanismos para se
tomar o controle de corporações: a) brigas por procuração: é o mecanismo mais
dramático, caro, incerto, e o menos utilizado. Requer aprovação explícita de
dirigentes e controladores da firma, o que é dificultado pelos estatutos; b)
compra direta de ações: compra do número mínimo necessário de ações no mercado
de capitais; c) fusão: definida como a aquisição geralmente paga via ações da
firma adquirente, mais do que em dinheiro. É o mecanismo mais eficiente para a
tomada de controle corporativo e, por consequência, de considerável importância
para a proteção de acionistas individuais não controladores, além de desejável
do ponto de vista do bem-estar econômico, por evitar bancarrotas.
Sinergias
Segundo Copeland, Tom, Koller,Tim e Murrin, Jack
(2006) a classificação de fluxos de caixa incrementais indica que as fontes
possíveis de sinergia se encaixam em quatro categorias básicas:
Aumento de receitas: Um motivo importante
para a realização de aquisições é a possibilidade de que a empresa combinada
gere mais receita do que as duas separadas. O aumento de receitas pode resultar
dos ganhos de marketing, benefícios estratégicos e poder de mercado.
- Ganhos de marketing: Fusões e aquisições podem produzir maiores receitas
operacionais com uso de marketing eficiente.
- Benefícios
estratégicos: É uma oportunidade de tirar proveito do ambiente de competição,
caso surjam certas situações. Um benefício estratégico é mais semelhante a uma
opção do que uma oportunidade convencional de investimento.
- Poder de
mercado ou monopólio: Uma empresa pode adquirir outra para reduzir a
concorrência no mercado. Evidências empíricas não indicam que o aumento de
poder de mercado seja um motivo importante da concorrência de fusões. O aumento
de poder de mercado beneficia todas as empresas do setor com o aumento de
preços, entretanto, o comportamento dos preços de ações das empresas que
competem com o alvo de uma fusão, indicam que isso não é o que ocorre. Não foi
encontrada também nenhuma tendência nítida de aumento dos preços das ações das
empresas concorrentes.
Redução de custos: Um motivo singelo para uma fusão é a possibilidade de que a empresa combinada opere mais eficientemente do que as duas empresas independentes. Uma empresa pode conseguir maior eficiência operacional de várias maneiras, via fusão ou aquisição.
- Economias de escala: Quando o custo médio de produção cai à medida que o
nível de produção aumenta.
- Economia de integração vertical: A principal finalidade de aquisições
verticais é facilitar a coordenação de atividades operacionais correlatas, como
por exemplo, companhias aéreas que possuem além de aviões, rede de hotéis e
empresas de locação de automóveis, todas ligadas ao mesmo setor.
- Recursos complementares: Algumas fusões ocorrem para que haja melhor uso dos
recursos existentes ou fornecimento do ingrediente faltante para o sucesso do
empreendimento.
- Eliminação de administração ineficiente: Algumas aquisições podem ocorrer por
motivos de mudança de tecnologia ou condições de mercado que exijam uma
reestruturação da empresa. Alguns administradores têm dificuldade de perceber
essa necessidade e de abandonar estratégias e estilos que foram desenvolvidos
ao longo dos anos.
Ganhos Fiscais: Podem
ser um forte incentivo para algumas aquisições. Os ganhos possíveis numa
aquisição decorrem dos seguintes aspectos:
- Prejuízos operacionais líquidos: As empresas precisam ter lucros tributáveis
para tirar proveito de prejuízos para fins fiscais. As fusões podem ás vezes
produzir esse benefício.
- Capacidade ociosa de endividamento: Quando ocorre a fusão de duas empresas, o
custo de dificuldades financeiras tende a ser um pouco menor, na nova empresa
combinada, do que a soma de seus valores presentes nas duas empresas separadas.
A empresa compradora pode ser capaz de aumentar seu grau de endividamento após
uma fusão gerando benefícios fiscais adicionais – bem como valor adicional.
- Fundos excedentes: Uma empresa que tenha fluxo de caixa livre, ou seja, conta
com algum fluxo de caixa após o pagamento de todos os impostos e a realização
de todos os projetos com valor presente líquido positivo, além de comprar
títulos de renda fixa, a empresa dispõe de várias alternativas para usar o
fluxo de caixa livre incluindo:
1. Pagar
dividendos
2. Recomprar
ações de sua própria emissão
3. Comprar ações
de outras empresas
A
empresa pode fazer aquisições com seus fundos excedentes. Numa fusão, não há
qualquer pagamento de impostos sobre dividendos pagos pela empresa adquirida e
a Receita Federal não questiona fusões desse tipo.
Custo de Capital: Pode ser
frequentemente reduzido quando duas empresas se fundem, pois os custos de
emissão de títulos estão sujeitos a economias de escala.
No entanto, são diversos os motivos que
levam à aquisição. Cartwright e Cooper (1999) e Rourke (1992) indicam que a
intenção de compra pode estar relacionada à maximização de valor da empresa
para o acionista, por meio de economia de escala ou de transferência de
conhecimento; ou pode relacionar-se à lógica de mercado, ao aumento de market
share e à redução do nível de incerteza; ou ainda à necessidade de
diversificação pura; a aquisição de tecnologia; e ao aproveitamento de
situações de reestruturação, quando a empresa tem problemas de performance.
Para
Evans, Pucik e Barsoux (2002), estas razões podem estar ligadas a: domínio de
mercado para ganhar economia de escala e controle sobre canais de distribuição;
expansão geográfica; aquisição e/ou alavancagem de competências; aquisição de
recursos; ajuste ao mercado competidor; e desejo dos executivos. Todas as
razões, segundo Sterger (1999), podem ainda ser reunidas em dois grupos:
Tradicional – objetivos relacionados à consolidação e expansão de mercado;
Transformacional – relacionados ao desenvolvimento de novo portfólio, novo
modelo de negócios ou mudança radical de patamar.
As aquisições consideradas
transformacionais são mais complexas e requerem muito mais Justificativa
Integração Resultados Ideia Problemas relacionados à decisão da aquisição
Problemas relacionados à integração atenção no que diz respeito ao processo de
integração pós-aquisição e à gestão das pessoas. Cançado, Duarte e Costa (2002)
apontam ainda a interdependência entre a intenção da compra e o processo de
integração. As estratégias de aquisição podem ser centradas em negócios
relacionados ou não relacionados. No caso de aquisição não relacionada, o grau
de mudança das empresas seria, em princípio, menor porque cada empresa poderia
manter sua gestão independente. Já na aquisição de negócios relacionados, é
necessário integrar culturas diferenciadas.
Hipóteses testáveis com dados empíricos
Dos motivos para a realização de
fusões e aquisições, podem-se derivar algumas hipóteses testáveis empiricamente
sobre o tema, envolvendo dados empíricos dos mercados de capitais.
- H1 –
Hipótese da maximização da riqueza dos acionistas: nos processos de Fusão e
Aquisição, as diretorias das firmas envolvidas têm como objetivo maximizar o
valor de suas firmas pela valorização do preço de suas ações.
- H2 – Hipótese da maximização
da utilidade gerencial: os administradores de firmas adquirentes procuram
maximizar a sua própria utilidade ás expensas dos acionistas dessas firmas. Os
administradores podem se engajar em fusões e aquisições que causem um impacto
negativo nas ações de duas firmas, desde que os ganhos para os acionistas das
firmas alvo sejam compensados com as perdas dos acionistas adquirentes, o que
anula as expectativas de perdas ou de ganhos líquidos.
- H3 –
Hipótese de ganhos operacionais (sinergias): os ganhos relativos ás F&A
advêm de fatores operacionais como economia de escala e de escopo, eliminação
de ineficiências (operacionais e administrativas) e ganhos de monopólio.
- H4 –
Hipótese dos ganhos anormais ou Hipótese da informação nova: No processo de
F&A é a informação nova liberada no mercado e não os ganhos operacionais
combinados que afeta os preços das ações no mercado.
- H5 –
Hipótese da Eficiência de Mercado: os preços dos títulos se ajustarão
instantaneamente a qualquer informação nova relevante (como o anúncio de uma
F&A), fornecendo sinais úteis à alocação eficiente de recursos. Podem
existir ganhos ou perdas tanto para as firmas adquirentes quanto para as
firmas-alvo em razão do novo patamar de ajuste dos preços e dos motivos por
trás da negociação.
- H6 –
Hipótese da divisão dos ganhos: também denominada de mercado de aquisições
perfeitamente competitivo, postula que a combinação de ativos pertencentes a
firmas distintas gera ganhos para os acionistas dessas firmas e que os ganhos
são distribuídos proporcionalmente ao tamanho da firma.
- H7 –
Hipótese da diversificação do risco (F&A em conglomerado): investidores
conseguem obter retornos maiores ou iguais em investimentos que combinam ações
de duas firmas na proporção adequada, do que em investimentos em firmas
diversificadas, em razão dos riscos dessas atividades.
Estudos comprovam que em transações
envolvendo companhias abertas, os acionistas das empresas adquiridas são os que
têm maior lucro imediato, 20% em uma aquisição amigável e 35% em uma aquisição
hostil. Eles recebem mais benefícios, pois a concorrência força a empresa
adquirente a subir seu preço até que reste pouco ou nenhum benefício imediato
para a empresa adquirente. Isso mostra o ceticismo dos investidores quanto à
probabilidade de os adquirentes tirarem maior proveito dessa transação. Mostra
também que o retorno positivo para os adquirentes é em longo prazo, mas não
significa também que o contrário não possa acontecer.
Resultados Ex Post
A probabilidade de sucesso é altamente
influenciada pelo vigor da atividade núcleo da empresa adquirente. Em um estudo
realizado pela Anslinger e Copeland em empresas de LBO, foram realizadas 829
aquisições das quais 80% acreditavam ter lucrado mais do que o custo do capital
investido em suas transações. Os adquirentes apresentaram retorno médio para o
acionista superior a 18% em um período de 10 anos e superior a S&P 500 para
o esmo período. As companhias de LBO alcançaram esse retorno concentrando-se em
melhorar rapidamente o desempenho operacional das empresas adquiridas.
Concentraram-se no fluxo de caixa gerado pela empresa e não nos lucros contábeis,
focaram em comprar a preços razoáveis, identificar ganhos operacionais
concretos e extrair o investimento em cinco anos.
O histórico das transações sugere que o
crescimento lucrativo por meio de fusões e aquisições não é fácil, embora algumas
equipes de administração e alguns adquirentes tenham sido bem sucedidos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A
onda de aquisições do final dos anos 90 resultou em endividamentos recordes
para numerosas empresas, em algumas falências retumbantes, porém hoje, o retorno
das fusões-aquisições não parece preocupar os investidores. Aproximadamente
dois terços das ofertas de compra são feitos com base num pagamento 100 % à
vista e em dinheiro, contra menos de um terço das operações nesta condição
entre 1998 e 2004. Portanto, a cada anúncio de aquisição segue-se um aumento
muito elevado das cotações das empresas envolvidas.
Segundo dados da Thomson Finanncial em
2006, as fusões e aquisições bateram recordes no mundo todo. O volume de
negócios foi 38% maior do que o de 2005, com transações avaliadas em mais de 10
bilhões cada. A Europa foi um dos palcos principais de toda essa movimentação,
com 39% a mais de transações realizadas em comparação com 2005, Os Estados
Unidos contabilizaram 1,56 trilhões em negócios realizados, 36% a mais do que
em 2005. E as companhias de private equity estiveram à frente de toda essa
movimentação, sendo responsáveis por 20% das atividades de fusões e aquisições
em todo o mundo, e de 27% nos EUA.
O fator determinante do
sucesso de uma F&A é que esta resulte em ganhos para os acionistas
adquirentes e para os acionistas-alvos. Os motivos subjacentes a cada
combinação possuem ampla dimensão e ‘perpassam’
a maximização de riquezas dos acionistas, ganhos sinergéticos, diversificação
de investimentos, a maximização da utilidade gerencial entre outros. Dessa
forma, emergem dificuldades de traçar uma teoria geral que explique essas
atividades como um todo, uma vez que cada processo é permeado por razões
intrínsecas das partes envolvidas, o que os caracteriza, pela especificidade,
como únicos.
http://www.artigos.com/artigos/administracao/fusoes-e-aquisicoes-1623/artigo/
http://economia.estadao.com.br/
http://economia.estadao.com.br/
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