Como a energia é gerada no Brasil
Com 87% da sua matriz energética provenientes de hidroelétricas, o
Brasil está à beira de um colapso, devido ao baixo nível dos reservatórios nas
usinas do Sudeste, pois esse tipo de fonte de energia depende das chuvas. O
resto da energia é produzido pelas centrais termoelétricas (10%) e pelos
reatores das centrais nucleares de Angra dos Reis (2%). Mas a situação caótica,
explicam analistas, se deve principalmente à falta de investimentos no setor.
A falta de interligação do sistema de transmisão em todo o país é apontada por especialistas do setor como a principal causa da crise energética atual. "Está sobrando energia no Sul e faltando no Sudeste, a interligação resolveria o problema sem racionamento", disse o superintendente de comunicação de Itaipu, Helio Teixeira.
Do Sul, com um sistema de transmissão mais eficiente, seria possível receber uma expressiva contribuição da Companhia Paranaense de Energia (Copel), que mesmo em processo de privatização, tem prosseguido com projetos importantes de aumento de geração. A Copel possui participação na usina de Machadinho, já em operação, que gera 1,140 mil mw, e planeja para 2006 a entrada em operação da hidrelétrica de Campos Novos, com capacidade de 880 mw, e uma termelétrica de 480 mw para entrar em operação em outubro de 2002.
Além disso, a maior potência hidroelétrica instalada está na bacia hidrográfica do Paraná, no Centro Sul do país. A maior potência hidroelétrica do país encontra-se na Amazônia, ou seja, nas duas bacias hidrográficas presentes nessa região - a Amazônica e a do Tocantins, garantindo que o Norte também não fique às escuras.
Importação - Uma saída para a crise energética no Brasil pode estar nos demais países sul-americanos. Segundo estudos do governo, as possibilidades para o suprimento de energia sul-americana poderiam incluir novas linhas de transmissão no sul do País, principalmente da Argentina, e mesmo novos acordos com os países vizinhos. A principal vantagem seria o custo relativamente reduzido dessa energia.
O projeto Mercosul, fechado pelo governo do Paraná com a Argentina, prevê a importação de 3 mil megawatts de energia da Argentina, além de 20 milhões de metros cúbicos/dia de gás boliviano, que também alimentará a termoelétrica argentina. No Brasil, a energia será importada e comercializada pela Copel, que também será responsável pela construção da linha de transmissão de 600 quilovolts de Puerto Iguazu, na Argentina, até Embu-Guaçu (SP).
Como funcionam as fontes de energia e seus custos
As hidrelétricas
produzem energia através de geradores movidos a força hidráulica (quedas
d’água). As termelétricas, através de geradores acionados por aquecimento,
utilizando-se combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão. E as nucleares
produzem energia através de geradores movidos por aquecimento obtido a partir
de minerais atômicos, como urânio e o tório.
A termelétrica apresenta o mais baixo custo de implantação, embora sua manutenção seja cara. Já a hidrelétrica apresenta maiores problemas com relação ao porte de energia produzida, pois nem sempre as áreas onde as usinas podem ser instaladas estão próximas aos mercados consumidores, e a intensidade da energia se perde à medida que a distância das usinas geradoras aumenta. A usina nuclear tem um alto custo tecnológico, além dos riscos em se utilizar minerais atômicos para gerar energia.
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A História desta crise -
O
Plano de Racionamento: cotas, sobretaxa e bônus
O governo optou pelo racionamento de
energia sem apagões e menos doloroso de imediato. Inicialmente, colocou
consumidores residenciais e industriais na mira de punições drásticas, como
sobretaxas de até 200% na conta de luz e cortes de fornecimento de até seis
dias seguidos, mas no primeiro dia do racionamento anunciou mudanças e cortou
as sobretaxas para as residências que conseguirem atingir a meta de 20% de
economia no consumo, mesmo que o consumo seja superior a 200 kWh por mês.
A partir da primeira leitura de
dezembro de 2001, os consumidores residenciais e comerciais têm novas metas de
economia. Na região Norte, a meta foi reduzida para 5%. Nas regiões Sudeste e
Centro-Oeste, a meta é de 12%, e no Nordeste, de 17%. O governo fez também uma
concessão para as cidades turísticas, que ganharam um bônus. No NE, precisarão
economizar 12%. No SE e CO, apenas 7%.
O plano administrado pela Câmara de
Gestão da Crise de Energia Elétrica joga todas as suas fichas na cooperação da
sociedade, mas não afasta o risco de apagões no futuro.
O racionamento, em vigor na região
Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, estabelece cotas de consumo, com penalidades
para quem desrespeitar os limites e bônus para quem conseguir economizar. As
cotas foram estabelecidas com base no consumo médio registrado nos meses de
maio, junho e julho de 2000.
Começando em 4 de junho, o programa já
sofreu inúmeras modificações. A partir de dezembro, os consumidores
residenciais e comerciais não sofrem risco de corte quando o consumo foi igual
ou inferior a 225kWh/mês, mesmo que ultrapassem a meta.
Impacto Fiscal - Os economistas do governo descartaram um impacto imediato
do plano de racionamento nas contas públicas, mas admitiram que isso terá de
ser reavaliado. O governo admitiu, no entanto, que o plano elevará em 0,15
ponto percentual a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA), levando em consideração apenas o impacto da sobretaxa sobre os
consumidores residenciais.
Os
motivos da crise energética
Falta de chuvas ou de investimentos do
governo? Qualquer que seja o culpado pela crise energética que ameaça a
economia e a tranquilidade do País, alguns fatos são claros: os reservatórios
das usinas hidrelétricas do Sudeste, região que mais consome energia no País,
estão abaixo da capacidade. Os reservatórios deveriam estar com pelo menos 50%
da capacidade, para enfrentar o período sem chuvas que duram o outono e o
inverno na região. As hidrelétricas, no entanto, estão com os reservatórios
abastecidos em apenas 34%.
Em outros países, os investimentos em
energia são feitos em diferentes tipos de usinas, justamente para evitar crises
quando um modelo tem problemas de abastecimento. No Brasil, ao contrário, 87%
da eletricidade é de origem hidroelétrica e depende da boa vontade de São
Pedro. O resto é produzido pelas centrais termoelétricas (10%) e pelos reatores
das centrais nucleares de Angra dos Reis (2%).
O governo culpa a falta de chuvas pela
crise energética. Fernando Henrique, em discurso sobre o assunto, afirma ter
sido pego de surpresa pela necessidade de racionamento. "E faço questão de
ressaltar a palavra 'surpresa'", repetiu o presidente. O Instituto
Nacional de Metereologia informa que na região de Furnas, por exemplo, o índice
de chuvas é o pior dos últimos 20 anos e, já em março, o instituto avisava que
era improvável que as chuvas de abril e maio fossem suficientes para encher os
reservatórios que abastecem as hidrelétricas do Sudeste, Centro-Oeste e
Nordeste.
O ministro da Economia, Pedro Malan,
no entanto, admite que faltou comunicação entre as várias áreas do governo para
pelo menos diminuir os efeitos da crise energética. A falta de investimentos no
setor é apontada por especialistas como a principal culpada pela crise atual. A
produção de energia recebia anualmente, em média, US$ 13 bilhões em
investimentos. Na década de 90, este valor caiu para US$ 7 bilhões, embora o
consumo não tenha parado de crescer: ele aumenta 5% por ano.
O professor Luiz Pinguelli Rosa, da
UFRJ, afirmou à Reuters que, mesmo que o Brasil consiga passar por esta crise,
à custa de racionamento e cortes, o problema pode persistir por mais três anos.
"O problema atual não tem nada a ver com São Pedro. Não é por falta de
chuva neste ano, mas porque os reservatórios vêm sendo esvaziados porque a
operação é feita com insuficiência de equipamentos", explicou. Segundo
ele, o problema só vai ser resolvido nos próximos anos, na medida em que
entrarem em operação as termoelétricas previstas no plano emergencial do
governo federal.
Outro problema, além da falta de
investimentos, é a falta de integração que existe entre as diversas usinas.
Enquanto as hidrelétricas do Sudeste enfrentam os níveis mais baixos de
abastecimento desde que foram construídas, sobram água e energia no Sul e no
Norte, onde as usinas estão, em média, com altos níveis de abastecimento. A
falta de linhas de transmissão de alta capacidade impede a transmissão de
energia entre estas regiões e, até por isso, excluiu, pelo menos até setembro,
as duas regiões do racionamento, que será adotado no Sudeste, Centro-Oeste e
Nordeste.
Saiba economizar energia em casa
Em tempo de vacas magras, economizar
recursos é a melhor solução. Por isso, veja algumas dicas da Aneel (Agência
Nacional de Energia Elétrica) de como você pode consumir menos e ainda segurar
um pouco mais de dinheiro no seu bolso:
GELADEIRA E FREEZER
Mantenha a borracha de vedação em bom estado para não escapar o ar frio*
Não coloque em seu interior alimentos ainda quentes
Não use a parte traseira dos aparelhos para secar roupas
Mantenha limpas as serpentinas da parte traseira dos aparelhos
Instale seu aparelho em local ventilado, fora do alcance de raios
solares e longe do fogão
Deixe um espaço mínimo de 15 cm dos lados, acima e no fundo do aparelho
em caso de instalação entre armários e paredes
Não forre as prateleiras com vidros ou plásticos, pois isso dificulta a
circulação do ar
Não desligue o aparelho à noite para ligá-lo na manhã seguinte
Faça o degelo quando a camada de gelo atingir a espessura de
aproximadamente 1 cm
No inverno, regule o termostato para uma posição de frio não muito
intenso
Durante ausências prolongadas, esvazie o aparelho e o desligue da tomada
* Dica: para saber se a borracha de
vedação está boa, ponha uma folha de papel encostada no batente da
geladeira/freezer e feche a porta. Em seguida, puxe a folha. Se ela deslizar
facilmente, é sinal de que a borracha não está garantindo vedação. Faça esse
teste em volta de toda a porta.
TELEVISÃO
Não deixe a TV ligada quando você não estiver assistindo
Evite dormir com a TV ligada
Utilize TVs mais modernas, pois consomem menos energia
Dê preferência para aparelhos com timer (função de desligamento
automático)
AR CONDICIONADO E VENTILADOR
Dimensione adequadamente o aparelho para o tamanho do ambiente
Feche portas e janelas ao ligar o aparelho para evitar troca de calor.
Cortinas e persianas também devem ser fechadas para evitar o calor do sol
Limpe os filtros periodicamente, pois a sujeira dificulta a passagem do
ar e força o aparelho
Instale uma proteção caso você tenha que instalar o aparelho exposto a
raios solares
Desligue o aparelho sempre que ficar muito tempo fora do ambiente
refrigerado
Só ligue o ventilador quando estiver no ambiente
Regule o termostato para evitar o frio excessivo
CHUVEIRO ELÉTRICO
Desligue o chuveiro quando estiver se ensaboando
Procure manter a chave do chuveiro na posição verão. Na posição inverno,
o consumo de energia é 30% maior
Conserve limpos os orifícios de passagem da água
Evite usar o chuveiro nos horários de pico de consumo de energia - entre
as 17 e as 22h
Não reaproveite uma resistência queimada. Além de ser perigosa, essa
prática eleva o consumo
FERRO ELÉTRICO
Espere acumular uma razoável quantidade de roupas e passe-as de uma só
vez
Não deixe o ferro elétrico ligado sem necessidade
Siga as instruções de temperatura para cada tipo de tecido e passe
primeiro as roupas que necessitem de temperaturas mais baixas
MÁQUINA DE LAVAR ROUPAS/LOUÇAS E
SECADORAS
Use a máquina só depois de ter juntado a quantidade de roupa/louça da
capacidade máxima da máquina
Limpe com frequência o filtro das lavadoras de roupas e louças
Utilize a quantidade correta de sabão ou detergente para não ter que
enxaguar novamente
ILUMINAÇÃO
Use lâmpadas adequadas a cada tipo de ambiente
Evite acender lâmpadas durante o dia, prefira a iluminação natural. Abra
bem as janelas, persianas e cortinas e deixe a luz do dia iluminar a sua casa
Apague as luzes quando os cômodos estiverem vazios
Pinte as paredes internas e o teto com cores claras, pois estas refletem
melhor a luz, diminuindo a necessidade de luz artificial
Dê preferência às lâmpadas fluorescentes compactas ou circulares para a
cozinha, área de serviço, garagem ou qualquer outro lugar que fique com as
luzes acesas mais de quatro horas por dia. Além de consumir menos energia,
duram até 10 vezes mais
Use iluminação direta para leitura, trabalhos manuais, etc...
AQUECEDOR CENTRAL
Dê preferência aos aquecedores equipados com controle de temperatura
Instale o aquecedor perto dos pontos de consumo e isole adequadamente as
canalizações de água quente
Nunca ligue o aquecedor vazio à rede elétrica
OUTRAS DICAS IMPORTANTES
Não deixe que existam em sua casa fios mal emendados, desencapados ou
mal isolados
Use fios de diâmetro correto para cada finalidade e não emende fios de
espessuras diferentes
Evite usar aparelhos elétricos no horário de pico de consumo - entre as
17h e 22h
Desligue a chave geral da casa quando sair em viagem longa
Dê preferência a eletrodomésticos com selo do
Procel de Economia de Energia. Esses aparelhos foram aprovados por centros de
pesquisas do governo no quesito economia de energia
Fonte e Sítios Consultados
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