21 de junho de 2011

Bullying

Bullying

 Bully (Inglês) = Valentão,          Bullied (Inglês) = Provocar, Intimidar alguém  

           Este artigo tem por objetivo investigar a conduta entre os estudantes do Ensino Fundamental e do Ensino Médio que tanto sofrem no seu convívio escolar. Levaremos em conta alguns tipos de violências vividas ou testemunhadas por eles dentro de um espaço (escola) destinado originalmente ao estudo. Tendo em vista a inquestionável importância de um ambiente escolar em harmonia para que sejam obtidos os resultados esperados nesta importante etapa da vida, e isso se deve ao fato que é exatamente nesta época em que está se formando um cidadão. Sabe-se que a violência nas escolas é uma das facetas mais cruéis do convívio social, porém, não se encontravam muitos estudos sobre este assunto de suma importância, e também é verdade que os primeiros estudos aqui no Brasil só foram iniciados na década de 1980, e naquela época existia uma grande dificuldade para se caracterizar a real dimensão desse fenômeno, já que naqueles tempos eram destacas somente as seguintes modalidades: depredação de patrimônio, roubos, furtos e agressões físicas e verbais, não só entre alunos, como também de alunos contra professores. Os dados de uma pesquisa realizada nesta época em escolas públicas de São Paulo revelaram que as agressões mais frequentes eram: o furto (48%), ameaças (36%), danificação de pertences (33%) e agressão física (4%). Outro estudo realizado no ano de 2.005 em escolas públicas de uma região de alta exclusão social, muito próxima da cidade de São Paulo, verificou que 50,2% dos estudantes relataram já ter sofrido agressão física de colegas, sendo que 27% mais de uma vez e 21% uma única vez. Dentre esses casos, 50% ocorreram na escola e 49% do lado de fora da escola. Porém, a forma de violência que vem sendo cada vez mais estudada no mundo todo é o bullying, já que se trata de uma violência muito difícil de ser caracterizada, pelo aspecto velado da sua manifestação que pode ser através de piadas ou apelidos, quanto pela sua incidência crescente nas escolas.

  O bullying é definido nas pesquisas brasileiras como um comportamento físico ou verbal repetido, que tem o potencial de causar dano físico e/ou psicológico em suas vítimas. Porém ainda podemos acrescentar alguns critérios: “é um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais alunos, causando dor, angustia e sofrimento a indivíduos mais fracos e incapazes de se defender” (Fante, 2003, p.58). E o elemento da repetição é considerado essencial para se caracterizar o fenômeno, que pode assumir formas tanto explícitas com ataques, como veladas, com piadas, com apelidos, etc. Em termos quantitativos, o bullying no Brasil parece ocorrer em uma proporção semelhante à de outros países, pois 63% dos alunos do Ensino Médio relataram ter sofrido pelo menos um episódio de maus tratos no decorrer do ano anterior à pesquisa, e 25% dos quais o caracterizariam como bullying pelo aspecto repetitivo de sua ocorrência. No que se refere ás características pessoais de vítimas e vitimizadores observam-se semelhanças entre o que já havia sido levantado no Brasil (Fante, 2003) e nos estudos internacionais (Vienstra et al., 2005). E tais semelhanças residem na busca de reconhecimento e admiração que nem sempre são alcançados pelos “seus” colegas. E a razão dessa coragem em transgredir está aliada a atitudes favoráveis quanto à intolerância em relação ao diferente, seja física ou psicologicamente, o que parece ser uma fiel reprodução de um “padrão familiar disruptivo” e admirado pelo vitimizador. Um dado importante encontrado no Brasil diz respeito à associação entre o mau comportamento e a tendência ao BULLYING, tanto entre alunos do ensino Médio como também entre Universitários, que relataram já ter sofrido ou já terem praticado tais atos anteriormente, e isso se deve a expectativa de uma não punição e a perpetuação dessa má conduta, já que o sistema permitiu uma perpetuação dessa transgressão consentida.



   Vale lembrar ainda a importância de duas importantes variáveis descritas por estas pesquisas. Uma é a maior probabilidade de envolvimento do sexo masculino em conflitos (Leme, 2004), e perpetração de intimidação repetida como bullying, o que tem sido atribuído às praticas de socializações diferenciadas entre os sexos, mais tolerantes com relação à agressividade em meninos. Aqui vale a pena se abrir um parêntese agora, a cultura Brasileira sempre impôs um maior espaço para os homens, inclusive até hoje nos postos de trabalho os salários masculinos são na sua esmagadora maioria, maiores do que o pago a um mesmo profissional do sexo feminino. Também se observou que nestas pesquisas as características das vitimas, em termos do seu potencial para reagir, não são um consenso e devem ser melhor examinadas, por tanto, as pesquisas internacionais como as nacionais apontam para a existência de dois tipos de vítima: a que reage agressivamente e aquela que não reage. O que se pode notar dessa situação vem de encontro a um fato muito importante nesse estudo sobre o bullying, é que ambos os modelos de vitimas sofrem de um isolamento social e são portadoras de algumas características diferentes da média, como: peso, voz, ansiedade, hesitação em se defender, estatura, raça, etc. Além dessas diferenças no aspecto físico, as vitimas podem ser identificadas também pelos seguintes sinais, que já podem ser um efeito da violência sofrida: inibição e retraimento, isolamento social, sintomas físicos como dor de cabeça e de estomago, tonturas, mudanças repentinas de humor, baixo rendimento escolar, resistência a frequentar a escola, medo de falar em publico, lesões corporais frequentes e perda ou danificação de objetos pessoais. Deve-se observar que no Brasil foram identificados dois tipos de vitimas: a passiva, que não reage, é tímida e retraída, e a reativa, que reage agressivamente.

 As pesquisas que foram feitas até o momento sobre este tema, eximem a organização da escola da responsabilidade pelos conflitos descritos aqui, da mesma forma que a naturalização desses conflitos ocorridos entre os alunos é conferida a vários comprometimentos do convívio em sociedade. Além disso, vale verificar se os seguintes aspectos não estão comprometendo o bom convívio escolar, como, por exemplo: a tolerância frente a um tratamento diferenciado por professores e funcionários a alguns alunos, o que pode vir a configurar uma injustiça para os últimos, a tolerância a indicadores de problemas enfrentados na escola, como absenteísmo e depredação do patrimônio e, finalmente, se essas normas não poderiam ser revistas quanto à sua adequação, para que não ocorram injustiças na sua aplicação. Acreditamos ainda que muito disso se deve a inoperância dos responsáveis (seus pais) por estas crianças, já que as escolas não têm a capacidade plena de criar valores éticos e morais nestes jovens. A escola tem sim o dever de colocá-los em contato com a cultura, a educação e todas as formas de diferenças existentes numa sociedade tão globalizada como a dos dias atuais, e isso também vem a ser um problema, já que é muito comum acompanharmos várias autoridades, sejam elas: Prefeitos, Governadores, Deputados, Vereadores, Ministros da Saúde, Secretário de algumas Prefeituras e até Policias serem acusados e até presos por desvios de conduta. E é claro que estes fatos não são bons exemplos para a sociedade como um todo, e ainda mais para as crianças e os jovens que já estão começando a entender como as coisas funcionam. Entendemos por fim, que o Bullying é o produto de uma sociedade doente e contaminada pela falta dos valores éticos e morais, e que está tão concentrada no “seu” ser individual, que já não consegue mais enxergar o seu próximo como um ser igual a ele; talvez porque ele mesmo se considere um ser acima do ser humano normal.


Referências bibliográficas
Fante, C (2003). Fenômeno Bullying: estratégias de intervenção e prevenção da violência entre escolares. São José do Rio Preto. Ativa.
Leme, M.I.S (2004) Resolução de conflitos interpessoais: interações entre cognição e afetividade na cultura. Psicologia: Reflexão e Crítica. 17, 3, 367-380
Vienstra, R ET AL. (2005).   Bullying and victimization in elementary schools: a comparison of bullies, victims, bullies/victims and uninvolved adolescents” Developmental Psychology. 41, 4, 672-682

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