Total de visualizações de página

Powered By Blogger
Administração no Blog

Conteúdos de Administração e assuntos atuais.

18 de fevereiro de 2017

O Mundo do Século 21 e suas Transformações


        
         Com a ajuda do Livro Império, dos autores Michael Hardt e Antonio Negri tentaremos evoluir neste tema, afinal, essa obra teve a ambição de falar sobre as transformações que o mundo vem passando nesse inicio de século – o que chama a atenção é a sua originalidade, afinal existe uma síntese jamais tentada entre elementos do marxismo, pós-modernismo e liberalismo. Talvez o que torne essa obra mais instigante seja o fato dela atentar para os temas importantes para o conhecimento da sociedade e a ação política no mundo de hoje, levantando pistas interessantes para várias discussões. Mas também por sua ingenuidade: como a forma que as categorias “impérioo” e “multidãoo” (que vertebram o livro) foram apresentadas - para um texto que pretende dialogar com a tradição intelectual da esquerda, tão singela que em uma primeira leitura chega a desnortear. E por suas enormes consequências políticas: uma atuação a partir dos parâmetros por ela estabelecidos se situa em um terreno onde grande parte do que consideramos eficácia na prática política perde sentido.

Existe uma desorientação que só aumenta ao passo que é possível perceber as formas muito diferenciadas como, para além da intenção de seus autores, se dá a recepção da obra, isso porque ela pode variar do reforço da passividade pós-moderna a uma recolocação na ordem do dia da questão da dominação imperial (e para os incautos, identificada com o imperialismo norte-americano, em oposição direta ao que Hardt e Nedri afirmam).


É importante salientar que a ideia central trata sobre essa nova época histórica que vivemos, a qual é caracterizada pelo domínio do império, “a substância política que, de fato, regula essas permutas globais, o poder supremo que governa o mundoo”. A soberania dos Estados-nações tem gradualmente diminuído; “a soberania tomou uma nova forma, composta de uma série de organismos nacionais e supranacionais, unidos por uma lógica ou regra única. Esta nova forma global de economia é o que chamamos de Impérioo”.



Os autores dizem com todas as letras que, “os Estados Unidos não são, e nenhum outro Estado-nação poderia ser, o centro de um novo projeto imperialista. O impe­ria­­lismo acabouu”. E ele estaria sendo substituído por um novo ordenamento que “não estabelece um centro territorial de poder, nem se baseia em fronteiras ou barreiras fixas. É um aparelho descentralizado e ‘desterritorializado’ do geral que incorpora gradualmente o mundo inteiro dentro de suas fronteiras abertas e em expansão. O Império administra entidades híbridas, hierarquias flexíveis e permutas plurais por meio de estruturas de comando reguladoras. As distintas cores nacionais do mapa imperialista se uniram e mesclaram, num arco-íris imperial globall”. Em consequência, as “divisões espaciais dos três mundos (Primeiro, Segundo e Terceiro) ficaram tão misturadas que a qualquer momento nos deparamos com o Primeiro Mundo no Terceiro, o Terceiro no Primeiro, e o Segundo, a bem dizer, em parte algumaa”.

É importante perceber que grande parte deste livro constitui o rechaço de qualquer papel para ‘o Estado-nação’ no mundo pós-moderno em que viveríamos e a afirmação da nova soberania imperial. Nenhum Estado nacional, nem mesmo os Estados Unidos, teria enquanto nação um lugar ao sol no novo sistema. A existência de uma hierarquia mundial de poder político que tem como local de expressão os Estados nacionais perde totalmente sentido na análise de Hardt e Negri.



O contraponto do império é a multidão. “O poder imperial já não pode resolver o conflito de forças sociais pelo esquema mediador que substitui os termos do conflito. Os conflitos sociais que constituem o político confrontam-se diretamente, sem qualquer espécie de mediação. Esta é a principal novidade da situação imperial. O Império cria um potencial maior de revolução do que os regimes modernos de poder, porque nos apresenta, juntamente com a máquina de comando, uma alternativa: o conjunto de todos os explorados e subjugados, uma multidão que se opõe diretamente ao Império, sem mediadoress”.




É impressionante como a ideia de multidão está pouco desenvolvida em Império, merecendo destaque apenas no capítulo final, onde é introduzida e debatida à luz de Santo Agostinho. Apesar disso, os autores apontam algumas demandas da multidão: uma cidadania global, o direito a um salário social, o direito à ‘reapropriação’ (ingenuamente referido à constituição dos Estados Unidos) e a posse, isto é, sua constituição como sujeito político.

O poder constituinte: Ensaio sobre as alternativas da modernidade, de Antonio Negri é, em boa medida, a fundamentação conceitual de Império. Neste livro de 1992, encontramos uma genealogia da multidão como “sujeito absoluto da potênciaa”. Negri procura recuperar – de Maquiavel, passando pelos ideólogos radicais das revoluções inglesa, norte-americana e francesa, até chegar ao marxismo – o que para Hanna Arendt é a capacidade permanente de fundação ou criatividade dos processos revolucionários. É aí que começa a ficar mais clara a fundamentação teórica do pensamento de Negri na tríade Maquiavel, Espinosa e Marx, em uma articulação conceitual onde o social é diretamente político. Isso fica evidente na obra de alguns seguidores do pensador italiano, As multidões e o império: Entre a globalização da guerra e a universalização dos direitos (Rio de Janeiro, DP&A, 2002), organizada por Giuseppe Cocco e Graciela Hopstein.

Mas Negri – como antes Althusser, Della Volpi, Colletti e Cerroni – reconstrói um Marx sem dialética e por isso mesmo incapaz de reconhecer a teia de mediações que constroem um percurso do social ao político e do político ao social. Como o que Negri busca é justamente apresentar toda ideia de soberania como um aparato transcendental de domesticação da multidão, o que ele faz, em O poder constituinte, é uma fenomenologia da potência constituinte da multidão, da mesma forma que Império empreende a fenomenologia da dominação imperial. Mas depois de 450 páginas de discussão da filosofia política moderna, ficamos com a sensação de que a irrupção do poder constituinte na história (e, portanto da multidão) é um processo metafísico. Ele parece inapreensível por um sistema de categorias mais refinado.



    Ora, vale destacar que a emergência de um sujeito ‘anti-sistêmico’ construído ao longo de um processo cumulativo de lutas, bem como a redefinição da hierarquia de poder entre os Estados nacionais, sempre compreendendo um centro e uma periferia - são temas que estão no coração das reflexões dos teóricos do sistema mundial. E que foram também publicados recentemente livros importantes desta escola. Após o liberalismo: Em busca da reconstrução do mundo é a primeira obra de fôlego que sai no Brasil daquele que podemos considerar o inspirador desta concepção, Imma­nuel Wallerstein. Uma importante pesquisa coletiva coordenada por Giovanni Arrighi, junto com Beverly Silver, Caos e governabilidade no moderno sistema mundial desenvolve e atualiza as teses deste autor, já apresentadas em O longo século XX e A ilusão do desenvolvimento - e esta abordagem veio sendo aprofundada entre nós nos livros recentes de José Luís Fiori, principalmente no que ele organizou com Carlos Medeiros, Polarização mundial e crescimento (Petrópolis, Vozes, 2001).

É possível que essas obras venham a enriquecer os debates sobre as distintas explicações teóricas fundamentais para as profundas transformações pelas quais o mundo vem passando nessas últimas duas décadas.











Fonte e Sítios Consultados

http://novo.fpabramo.org.br 


  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Powered By Blogger

Administração no Blog

Blog Universitário, voltado para temas sobre a Administração Global.

Seguidores

Arquivo do blog

Renato Mariano

Minha foto
São Paulo, São Paulo, Brazil

Pesquisar este blog