ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL
- Do modelo burocrático ao gerencial -
Em face às questões sociais,
entendemos a substancial importância de perceber as funções do Estado frente às
transformações advindas do atual meio de reprodução (capitalismo). Assim,
segundo SIMÕES, 2009, p. 44:... a administração pública é a atividade concreta
e imediata que o Estado desenvolve para consecução dos interesses coletivos,
abrangendo as funções exercidas pelas pessoas jurídicas, órgãos e agentes
incumbidos de atende, concretamente, às necessidades coletivas”. Diante disso,
percebemos que é de suma importância entender a transição do modelo de
administração burocrática para o modelo gerencial a fim de entender a atual
conjuntura da administração pública brasileira. Neste sentido concebemos este
artigo mediante uma análise da caracterização do modelo de administração
burocrático e posteriormente do gerencial.
Entendemos a administração
burocrática como um modelo associado à burguesia industrial que visava à
ampliação do processo de industrialização e no desenvolvimentismo, sendo esta
considerada a primeira reforma nos padrões de administração pública. Percebemos
que atualmente a administração pública está centrada no modelo gerencial, que
emergiu como resposta às questões da crise do Estado nos anos 1980, tendo como
objetivo a redefinição das funções do Estado e sua característica burocrática,
assumindo um papel de facilitar o ingresso da economia nacional no sistema de
competição internacional. Sendo esta uma primeira tentativa. Em 1995, o então
Ministro Luis Carlos Bresser trouxe uma nova proposta de implantação do modelo
de administração gerencial, a ser analisada neste artigo.
·
CARACTERIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA BUROCRÁTICA E GERENCIAL
- Administração Burocrática
Surge na segunda metade do século
XIX, vinculada ao Estado Liberal3, onde de acordo com PEREIRA, 1996,
p. 4:... foi adotada para substituir a administração patrimonialista, que
definiu as monarquias absolutas, na qual o patrimônio público e o privado eram
confundidos (...) esse tipo de administração revelar-se-á incompatível com o
capitalismo industrial e as democracias parlamentares que surgem no século
XIX.”
Devido a estes fatores, surge a
necessidade da criação de uma administração burocrática. Porém, para entender
no que de fato consiste este modelo de administração faz-se necessário, a
priori compreender o conceito de burocracia que segundo CHIAVENATO, 2003,
p-258 significa: “Uma forma de organização humana que se baseia na
racionalidade, isto é, na adequação dos meios aos objetivos (fins) pretendidos,
a fim de garantir a máxima eficiência possível no alcance desses objetivos”.
Constituem princípios orientadores: a profissionalização, a idéia de carreira,
a hierarquia funcional, a impessoalidade, o formalismo, características estas
que culminam no princípio do mérito profissional descrito por Max Weber.
(PERREIRA, p- 4, 1996).
A burocracia brasileira, entre 1930 e
1986, estava presente na elite dirigente responsável pela promoção da
industrialização, logo ligada aos empresários industriais. Vemos assim, que
sempre esteve presente na administração do aparelho estatal, como grupo que
integra o Estado e pressiona o mesmo, influindo assim na definição de suas
políticas. Mas, a partir de 1979 este quadro de industrialização entra num
processo de estagnação, caracterizado por aumento da inflação e redução da
renda per capita. Marcou ainda este período, a questão do choque do petróleo,
aumento de juros e a queda das exportações brasileiras. Como afirma NÓBREGA,
2009, p. 2: “O choque dos preços do petróleo entre 1973-1974 inaugurou uma
longa fase de dificuldades para a economia brasileira, expressas no prolongado
quadro de restrição externa. As relações de troca do Brasil com o resto do
mundo, que haviam atingiram o seu ponto máximo em 1977, começaram a despencar
isso não ocorreu em função apenas da elevação do preço do petróleo, como se
costuma noticiar, mas principalmente porque os países centrais conseguiram
impor o aumento dos preços de seus produtos numa proporção muito superior ao
dos produtos exportados pela periferia”.
Percebemos em meio a esses fatores
que o Brasil passa por um momento de crise fiscal, ligada ao modo de
intervenção do Estado e a crise política que perpassa por três etapas. Em
face deste contexto, notamos um ensaio de reforma em 1967 no governo de Castelo
Branco, caracterizada como primeira tentativa de implementação do modelo de
administração gerencial, que visava a desburocratização5 e
descentralização. Porém, esta não teve efetividade e gera muitas dúvidas se
realmente pode ser considerada reforma uma vez que foi revertida. Em 1994, no
governo de Fernando Henrique Cardoso, percebemos que através do Plano Real
tem-se inicio uma estabilização dos preços que irá resultar num avanço do
crescimento. Posteriormente, em 1995, surge à inquietação de retornar a busca
por uma segunda reforma que se denominara gerencial.
- Administração Gerencial
Oriunda na segunda metade do século
XX, buscando meios capazes de enfrentar a crise fiscal do Estado, sendo assim
uma estratégia para reduzir custos visando tornar mais eficiente à
administração dos serviços que eram de responsabilidade do Estado. Tem como
características principais a visão voltada para o cidadão, numa busca por
obtenção de resultados, fazendo uso da descentralização, do incentivo a
criatividade e a inovação. Segundo Santos (1999 p. 13), “Na administração
gerencial, os resultados a serem alcançados devem ser negociados entre os
formuladores da política pública e a instituição encarregada de programar-la.
Nesse sentido, a identificação precisa dos objetivos e metas a serem
alcançados, assim como dos responsáveis pelo seu atendimento em todos os níveis
da organização, justificará a celebração do contrato de gestão”.
Assim, no modelo gerencial percebemos
a definição dos setores de atuação do Estado, além de competências e
modalidades de administração adequadas a cada setor. Esta Reforma Gerencial
teve três dimensões: institucional, cultural e de gestão. Sua realização se
utiliza de dois instrumentos: o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado,
e uma emenda constitucional, esta foi parte essencial da Reforma Gerencial,
pois esta implicava mudanças institucionais fundamentais. Porém, o documento
primordial para a reforma foi o Plano Diretor que continha o diagnóstico
situacional.
Por se tratar de uma situação de
interesse de toda a sociedade brasileira, foi necessário a realização de um
debate nacional de enfrentamento e crítica a cultura burocrática, que até então
dominava a administração pública. Onde também foram acentuados alguns aspectos
da reforma sendo estes, a proposta de nova estrutura do aparelho do Estado,
baseada na descentralização e a nova forma de gestão apoiada não na chamada à
responsabilização através da gestão.
Segundo Luis Carlos Bresser Pereira, 2007, p-3, mentor, juntamente com
sua equipe, da Reforma Gerencial de 1995: “A solução para os grandes problemas
brasileiros não era substituir o Estado pelo mercado, como a ideologia liberal
propunha, mas reformar e reconstruir o Estado para que este pudesse ser um
agente efetivo e eficiente de regulação do mercado e de capacitação das
empresas no processo competitivo internacional”.
Percebe-se que a necessidade de uma
administração pública gerencial surge em meio a graves problemas relacionados a
questões estruturais numa complexa pauta de mazelas sociais a serem
solucionadas. Assim para que o Estado pudesse garantir os direitos sociais,
seria necessário o fornecimento dos respectivos serviços de educação, saúde,
previdência e assistência social para que os mesmos fossem realizados com
eficiência. A eficiência de tais serviços tornava-se, inclusive, condição de
legitimidade do Estado e de seus governantes. Notou-se que no modelo de
administração burocrática ocorria à estabilidade dos funcionários com a
intenção de proteger os funcionários e o Estado em relação às práticas
patrimonialistas6. Vemos que em muitos casos, o patrimonialismo
gerava certo comodismo e ineficiência nos profissionais, além da existência de
vínculos empregatícios ligados a questões políticas. Logo, esta característica
resulta na inviabilidade na implantação de uma administração pública eficiente.
“No Brasil a extensão da estabilidade
a todos os servidores público, ao invés de limitar apenas as carreiras onde se
exerce o poder de Estado, e o entendimento dessa estabilidade de uma forma tal
que a ineficiência, a desmotivação, a falta de disposição para o trabalho não
pudessem ser punidos coma demissão, implicaram em um forte aumento da ineficiência
do serviço público”
Com a Constituição Federal de 1988,
visualizamos uma quebra nessa prática de empreguismo público ao pontuar a
obrigatoriedade do concurso publico para ingresso em cargos públicos.
“(...) o retrocesso burocrático da constituição de 1988 foi uma reação
ao clientelismo que dominou o país naqueles anos, mas também foi uma afirmação
de privilégios corporativistas e patrimonialistas incompatíveis com ethos
burocrático.” Foi, além disso, uma consequência de uma atividade defensiva da
alta burocracia, que, sentindo – se acuada, injustamente acusada, defendeu – se
de forma irracional
Fonte
e Sítios Consultados
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAA2b4AA/administracao-publica-no-brasil
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