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19 de outubro de 2018

Brasileiros divididos pela Política em 2018



O neurocientista americano Joshua Greene, de Harvard em seu livro Tribos Morais – A Tragédia da Moralidade do Senso Comum, defende um pilar da psicologia evolutiva: o de que nosso cérebro não foi projetado para encarar a tarefa de viver em grupos complexos. Nossos instintos não toleram a ideia de conviver com quem pensa de forma distinta – muito menos oposta.


Fomos programados para sentir prazer quando alguém repete nossas crenças. Num mundo dividido em bolhas, esse é um belo atalho para o obscurantismo.


                                                Edição padrão, 29 set 2018 por Joshua Greene (Autor),‎ Alessandra Bonrruquer (Tradutor)


No Brasil de 2018 é possível acompanhar as pesquisas eleitorais de rejeição que deixam claro, tanto o candidato Jair Bolsonaro como o candidato Fernando Haddad são odiados. Quem vota em um rejeita total e absolutamente o outro. Para entender exatamente por que isso acontece é necessário esquecer por alguns instantes os valores e planos de governo de cada um e focar num objeto inquestionavelmente mais complexo: o nosso cérebro - ele traz à tona uma resposta incômoda, a de que somos mais intolerantes do que admitimos.


A evolução nos conduziu para a vida tribal e entenda-se “tribal” não como algo primitivo, mas como uma família estendida, afinal, nós fomos programados para conviver em grupos pequenos, com indivíduos que encaram a vida de uma forma parecida com a nossa – que comungam das mesmas crenças, hábitos e valores. Ou seja, quem não comungar do mesmo modo é automaticamente visto como um inimigo, um predador humano, alguém pronto para roubar sua comida e matar você ao longo do processo.


                                                dopamina - o neurotransmissor do prazer



E assim foi organizada a vida em sociedade coletiva por centenas de milhares de anos, o nosso cérebro criou mecanismos para proteger os laços tribais e um deles é o “viés de confirmação”. Somos recompensados com pequenas doses de dopamina, o neurotransmissor do prazer, cada vez que ouvimos alguém repetir crenças e valores iguais aos nossos. Isso indica que o sujeito é um membro em potencial da sua família estendida. Alguém que irá lhe proteger. Por volta de dez mil anos atrás o mundo começou a ficar melhor, e menor. A agricultura, o comércio e as primeiras cidades nos obrigaram a conviver com outras tribos, outras famílias estendidas, que cultivavam valores distintos.



O comportamento tribal enfraquece a razão na hora do voto: coloca superstições no centro das nossas escolhas.
   



Foi a vitória do neocórtex, a parte mais complexa do cérebro – que nos difere basicamente de qualquer outro animal. Graças a ele conseguimos manter os instintos na rédea curta e conviver de forma civilizada (não é à toa que a palavra “civilizada” vem de “cidade”).


Porém, esses dez mil anos não bastaram para reprogramar a massa cinzenta. Como diz Steven Pinker, colega de Greene em Harvard, os nossos cérebros jamais saíram para valer das cavernas. O viés de confirmação segue firme. E os predadores humanos só mudaram de nome. Para quem votar em Haddad, esses predadores foram batizados como “bolsominions” e “fascistas”. Para quem votar em Bolsonaro, eles atendem por “petralhas”, e “comunistas”. 


Algumas diferenças, de acordo com Greene, são menos conciliáveis que outras. As “tribos morais” de hoje tendem a discordar com mais veemência justamente nos temas que atiçam nossos instintos primitivos: sexo e morte. A sexualidade alheia gera estresse basicamente por lidar com um impulso primitivo. Logo, o homo fóbico espuma ao falar sobre homossexualidade. E o defensor dos direitos LGBT´s também irá reagir de forma sanguínea se detectar algum sinal de homofobia no discurso alheio – mesmo que se trate de um alarme falso.


O outro tema que aciona o lado selvagem é o combate ao crime, pois é algo ligado ao conceito de morte. Daí o tom alto de quem defende a pena capital, o fim das políticas de direitos humanos para presidiários, o atirar para matar. Cada expressão dessas é uma torrente dopaminérgica para quem compartilha dessas crenças e valores. As reações são destemperadas do outro lado também. Às vezes, basta não seguir certas cartilhas de pensamento para virar alvo. Exemplo: quem acha que a prisão não serve apenas para recuperar o condenado, mas também para puni-lo, pode acabar tachado de “assassino”. 


Se sexualidade e morte ativam ódios, aborto talvez seja o mais espinhoso de todos os temas, já que envolve sexo e morte. Desnecessário elencar aqui os argumentos pró e ‘antiescolha’. O ponto é que se trata de um debate que, não raro, decai para a barbárie – o neocórtex sabe que quem é a favor da legalização do aborto não é “matador de crianças”; sabe que o povo contra não é “nazista”. Mas o sistema límbico, o pedaço primitivo da massa cinzenta, não sabe de nada. E parte para o ataque sujo contra quem vai contra a posição da sua bolha, seja ela qual for.




Para deixar as coisas ainda piores, agora temos uma máquina anticivilizatória. Uma ferramenta criadora de bolhas, que nos faz voltar aos tempos tribais: as redes sociais. Como o algoritmo do seu Facebook, interessado em vê-lo dedicar longas horas conectado a ele, apresenta conteúdo com base naquilo que você se interessou no passado – textos que parou para ler, vídeos que assistiu, imagens que curtiu –, a tendência é que ele reforce ideias preconcebidas, concentrando no seu perfil postagens de páginas e amigos que replicam conteúdo que em geral você concorda.



          Ou seja, as redes sociais alimentam um isolacionismo das tribos morais. Nós não estamos apenas ouvindo cada vez menos uns aos outros, interessados em alcançar exclusivamente o nosso próprio grupo social; nós também estamos acirrando os ânimos em relação a quem pensa diferente, reforçando os nossos preconceitos. E é esse comportamento tribal enfraquece a nossa capacidade de usar a razão na hora do voto, colocando superstições no centro das nossas escolhas.














Fonte e Sítios Consultados
https://super.abril.com.br/sociedade/como-a-ciencia-explica-o-odio-eleitoral/?fbclid=IwAR1IcKWAbop6fwtKCIomDPhoVIQ-MKxACoP0FKQJ4JXftdIy5OUEcYqajN0




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