A palavra “tácito” vem do latim tacitus
e significa algo
não expresso em
palavras. É a forma do conhecimento inerente a cada pessoa em
particular, não sendo fácil sua transmissão através da fala ou escrita, mas sua
existência é facilmente percebida na prática cotidiana. O conhecimento
tácito pode ser entendido como aquilo que uma pessoa é capaz de
realizar com eficácia e que é adquirido com as experiências de vida dessa
pessoa.
Por estar vinculado diretamente às pessoas, o conhecimento tácito
é de difícil disseminação e de grande valor para as empresas modernas, que
tem no capital humano, representado pela capacidade criativa dos funcionários,
seu maior patrimônio - tal conhecimento é estudado, dentro das empresas, por
profissionais da área de Ciências Humanas, como Filosofia, Psicologia,
Sociologia e Gestão de Negócios. A finalidade é tentar transformar o
conhecimento tácito e conhecimento explícito, público, para que todos
tenham acesso a ele. Mas a questão principal, como já foi dito, é a
dificuldade de expressão desse conhecimento em textos ou falas.
A melhor maneira de transmitir um conhecimento tácito é através da
convivência direta com outras pessoas, grupos, na execução de tarefas ou
projetos que exijam os conhecimentos que não conseguimos explicitar, como por
exemplo, andar de bicicleta, que é uma atividade simples, porém, de difícil
ensinamento, uma vez que a habilidade é uma característica pessoal - é uma
forma de conhecimento subjetivo, não mensurável, de difícil captura e
transmissão e, por isso mesmo, muito valioso.
Um exemplo de conhecimento tácito ocorre quando alguém, muito
experiente em cozinha, nos passa uma receita. Anotamos todos os ingredientes, a
sequência de elaboração, o tempo e tudo mais que é necessário para o preparo da
receita, porém, ao final, parece que falta alguma coisa, um toque especial e
esse toque é exatamente o conhecimento tácito que o cozinheiro tem e que nem
sempre consegue passar para outras pessoas.
Essa dificuldade em transmitir o conhecimento tácito é inerente a
todos, pois quando explicamos algo, geralmente temos a certeza de estarmos
sendo claros, porém, como cada pessoa tem suas próprias vivências e, portanto,
seus próprios conhecimentos tácitos, muitas vezes essa transmissão não ocorre a
contento - o que está dentro de nós, nos pertence e o conhecemos porque é
nosso. Repassá-lo a outras pessoas nem sempre é uma tarefa fácil e, muitas
vezes, é até impossível se levarmos em consideração as experiências, crenças
desejos e vontade dos outros.
O que é a Gestão do Conhecimento?
A Gestão do Conhecimento (GC)
é um conjunto de práticas que procuram gerenciar as circunstâncias que o
conhecimento precisa para prosperar na organização - um de seus focos
principais consiste na análise da relação entres os conhecimentos explícito e
tácito da organização e suas formas de conversão.
Os autores Nonaka e Takeuchi,
em seu livro “Criação de Conhecimento na Empresa” (Campus,1997-RJ),
classificaram dois tipos de conhecimentos - o conhecimento tácito ou
inconsciente, e o conhecimento explícito.
Eles exemplificam que o conhecimento advindo da experiência tende
a ser tácito, físico e subjetivo, e que o conhecimento da racionalidade tem
propensão a ser explícito, metafísico e objetivo.
O conhecimento explícito é aquele formal e sistemático, expresso
por números e palavras, facilmente comunicado e compartilhado em dados,
informações e modelos.
É, portanto, teorizado, abstrato e baseado na racionalidade - ele
pode ser processado, armazenado e transmitido em textos, livros, apostilas e
por computadores.
Em seus primeiros passos, a Gestão do
Conhecimento tinha forte ênfase na informática, daí a preocupação
de posicionar cada um dos tipos de conhecimento em relação aos computadores - utilizando
a metáfora do iceberg, para Nonaka e Takeuchi,
o conhecimento explícito representa apenas seu topo visível. Já o conhecimento
tácito é pessoal e complexo, oriundo da experiência e tem uma dimensão
contextual. Certamente a
visão de mundo, insights e intuição estão nesta categoria de conhecimento.
Em geral, é desenvolvido e interiorizado pelo conhecedor, um
especialista, por exemplo, ao longo de muito tempo de aprendizado, estando, de
tal forma, enraizado na mente de seu possuidor, que se torna difícil separar as
regras desse conhecimento do seu modo de agir e de se comportar.
O conhecimento tácito pode ser dividido em: técnico e cognitivo.
·
Técnico quando descreve as habilidades
informais do chamado know-how.
·
Cognitivo quando abrange os modelos
mentais, crenças, percepções, a forma como vemos o mundo à nossa volta.
Como a sua natureza é subjetiva e intuitiva isso o torna difícil
de ser processado ou transmitido por qualquer forma sistemática ou lógica - o
conhecimento tácito para ser eficazmente comunicado, necessita ser traduzido ou
explicitado, e aí, por definição, deixa de ser tácito.
Seguindo a metáfora do iceberg, de acordo com Nonaka e Takeuchi,
o conhecimento tácito corresponde à enorme parte submersa no oceano.
Na verdade, o conhecimento precisa ser continuamente criado para garantir à
organização uma vantagem competitiva sustentável.
Segundo Nonaka e Takeuchi,
por geração de conhecimento organizacional, deve-se entender a capacidade de uma empresa, como um todo,
de criar ou absorver novos conhecimentos, disseminá-los e incorporá-los em seus
produtos, serviços e sistemas, obtendo a inovação contínua, que leva à vantagem
competitiva.
Talvez a faceta do conhecimento mais difícil de lidar no ambiente
empresarial e talvez a que mais implique em real diferenciação competitiva das
organizações é a criação do conhecimento, e ela está diretamente relacionada ao
conhecimento tácito.
O conhecimento que realmente se traduz em vantagem competitiva
nasce ou é absorvido como conhecimento tácito, pois, se assim não fosse, seria
facilmente copiado pelos concorrentes.
Mas há a necessidade de converter conhecimento do plano tácito
para o explícito, para que a empresa como um todo possa compreendê-lo e
utilizá-lo e, a partir dele, criar novos conhecimentos.
Antes de ser explicitado, o conhecimento que constitui diferencial
competitivo passa dentro da organização pelo processo de conversão, chamado de
socialização, quando é disseminado ainda na forma tácita.
Trata-se do processo de compartilhar experiências, criando novo
conhecimento tácito como modelos mentais e habilidades técnicas e ele pode ser
adquirido sem a utilização da linguagem, mas por meio de observação, imitação
ou prática.
A chave para adquirir esse conhecimento
tácito é o contato com o conhecedor, a vivência, a experiência.
o processo de socialização ocorre apenas com relativo sucesso, por exemplo, em
práticas de on-the-job training, sessões de brainstorm,
contato das áreas de projeto com as áreas de campo, etc.
Naturalmente, o processo de socialização atinge somente alguns dentro
da organização, já que nem todos estão habilitados a absorver corretamente
aquele conhecimento tácito, e os que o absorvem, fazem-no de forma
absolutamente pessoal.
Para que o conhecimento tácito possa frutificar de forma mais
eficiente, atingindo maior número de colaboradores e sofrendo o mínimo de
deformação, é necessário passar pelo processo de ‘externalização’, quando passa de tácito para explícito.
Há assim um processo de conceituação, por meio do diálogo ou
reflexão coletiva, utilizando raciocínio e intuição - é a essência do processo
de criação de conhecimento, quando do tácito passa para o explícito, assumindo
formas de metáforas, analogias, conceitos, hipóteses ou modelos.
Uma vez transformado em explícito, seja inteiramente ou
parcialmente, o conhecimento adquirido vai sofrer o processo de combinação,
quando passará de tácito para explícito por meio da sistematização dos
conceitos, documentos, reuniões, comunicações, banco de dados.
A disseminação do conhecimento conduzida na fase de codificação de
materiais para a educação corporativa é um bom exemplo desse processo.
Finalmente, quando esse conhecimento já está bastante disseminado,
sofre um novo processo de conversão que seria a internalização, quando passa do
explícito para o tácito: é o aprender fazendo, incorporando conhecimento
explícito e transformando-o em tácito.
Esse processo compreende a criação de novos modelos mentais e know-how.
A internalização é facilitada se o conhecimento é verbalizado ou representado
em manuais, documentos ou histórias contadas.
Segundo esse modelo, conhecido como espiral do
conhecimento, a criação do conhecimento na organização dá-se pela
contínua interação entre o tático e o explícito e suas formas de conversão,
impulsionadas por diferentes fatores.
O importante é criar mecanismos para que as ideias que possam
criar vantagens competitivas possam ser visualizadas internamente e que isso
possa ser disseminado assim que elas surjam na empresa, removendo as barreiras
ao conhecimento tácito. Como
provocação sobre o assunto, vamos deixar uma pergunta no ar: Qual
a serventia de um curso que qualquer um seja capaz de ministrar?
Fonte e Sítios Consultados
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