Não há como negar os talentos de
comunicador do ex-presidente Lula – quando ele está à frente de um microfone,
Lula mistura em doses espertas, três ingredientes
bem manipulados: a exposição de conteúdos relevantes do que está dando certo; a
ocultação por vezes desonesta de problemas e fracassos; e o manuseio
habilíssimo de formas demagógicas de dizer – entendendo-se por demagogia, na
definição mais simplista, a “arte” de excitar massas populares.
Em alguns momentos ‘essa fala’ passa
por explicações mais sofisticadas, ‘pura demagogia’ que pode ser tomada como a capacidade
de conduzir o povo pela oratória hábil, na versão positiva; ou, na versão
negativa, de origem aristotélica,
a “arte” de prometer, como praxe política de estimulação das aspirações
elementares das massas, em detrimento da participação consciente das pessoas na
vida política.
Em último caso essa demagogia poderia
até resultar em reações de oposição, ‘num passado recente do Brasil seriam do tipo militar’. Ou na
eliminação política das oposições, quando os demagogos se arrogam o direito de
interpretar e representar o interesse das massas, e isso ainda é um cenário
frequente aqui no Brasil - conta-se que até a data de (04/03/2016), dia do depoimento de Lula
à Polícia Federal aqui na cidade de São Paulo sob ‘condução coercitiva’,
o ex-presidente Lula estava com sua propensão à demagogia meio contida, pelo próprio demagogo, em uma
versão mais positiva deste conceito. Afinal, trata-se de um ex-metalúrgico que chegou
à Presidência da República do Brasil de forma exuberante, um homem, um líder e
um político claramente feliz, porque conseguiu alcançar e exercer o poder de “salvador da pátria”.
É preciso deixar registrado um fato: se
olharmos a história política de Luiz
Inácio Lula da Silva sem as
limitantes obrigações ideológicas ou partidárias de ser contra ou a favor - não há como negar a sua importância decisiva na derrubada do regime militar e na
reconstrução democrática deste País. E ele fez isso com a mesma capacidade
demagógica de excitar as massas - sempre com a utilização esperta do espaço
público do jornalismo, em todas as mídias.
Isso significa dizer que a oratória demagógica
pode servir as duas faces da razão – ou seja, ela poder servir tanto as boas
como as más intensões,
então, pode-se afirmar que o político Luiz Inácio Lula da Silva continua a
fazer uso da oratória demagógica com a mesma competência de sempre. Porém,
agora ele carrega junto de si o status de um ex-presidente
da República líder das classes menos favorecidas – o que possibilita a ele viver
cercado por recursos materiais, humanos, tecnológicos, financeiros e políticos
incomparavelmente maiores do que 'os tempos' em que ele era um torneiro
mecânico formado pelo SENAI.
E mesmo sendo denunciado pelo MPF (Ministério Público Federal) no dia 14/09/2016, onde foram apontados vários indícios de crimes durante seu governo que o teriam beneficiado, Lula fez discurso comovente, porém, ele não fez uma autodefesa de ponta. Ele saiu atirando contra seus atuais inimigos políticos, como Aécio Neves, Temer e Cunha. O ex-presidente fez um discurso focado no seu histórico político e chorou ao dizer que conquistou o direito de andar de cabeça erguida e ainda pediu honestidade e respeito para com Dona Marisa. O fato é que com a sua desenvoltura ‘comum’ de oratória, o Lula consegue que todos parem para ouvi-lo – e ele fala tão bem que vários fatos 'importantes' passam despercebidos.
Para maiores esclarecimentos sugiro a leitura do documento de denúncia do Ministério Público Federal:
http://estaticog1.globo.com/2016/09/14/Denuncia-MPF-Lula-Triplex-14-09-2016.pdf
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