FUNDAMENTOS DA MATEMÁTICA FINANCEIRA
A Matemática Financeira tem como
objetivo principal estudar o valor do dinheiro em função do tempo. Este
conceito, aparentemente simples, tem vários detalhes quanto à forma de estudo
do valor do dinheiro no tempo.
Juros(J)
É a remuneração obtida a partir do
capital de terceiros. Essa remuneração pode ocorrer a partir de dois pontos de
vista:
- De quem paga: nesse caso o juro pode ser
chamado de despesa financeira, custo, prejuízo, etc
- De
quem recebe: podemos entender como sendo rendimento, receita financeira, ganho,
etc.
Em outras palavras, o juro é a
remuneração pelo empréstimo do dinheiro, ou seja, toda vez que alguém compra a
prazo, ou deixa de quitar suas dívidas na data do vencimento, contrai, nesse
momento, um empréstimo financeiro de terceiros. Na verdade o juro existe porque
as pessoas nem sempre possuem recursos financeiros disponíveis para consumir ou
quitar suas dívidas à vista. O juro caracteriza-se ainda, em tese,pela
reposição financeira das perdas sofridas com a desvalorização da moeda (ou
seja, a inflação) durante o período em que esses recursos estão emprestados.
Podemos concluir que os juros só existem
se houver um capital empregado, seja esse capital próprio ou de terceiros.
Capital(C) ou Present Value(PV)
È o recurso financeiro transacionado na
data focal zero de uma determinada operação financeira. Podemos entender como
data focal zero a data de início da operação financeira ou simplesmente podemos
dizer que é o valor aplicado através de alguma operação financeira. Também
conhecido como: Principal, Valor atual, Investimento inicial, valor presente ou
valor aplicado. Em língua inglesa, usa-se Present Value indicado nas
calculadoras financeiras pela tecla PV.
Como vimos, o capital é o recurso
financeiro, base para o cálculo dos juros, e toda vez que tomamos dinheiro
emprestado, compramos uma mercadoria, efetuamos um investimento ou simplesmente
deixamos de cumprir com algum compromisso financeiro, estamos, na verdade
efetuando operações de movimentação do capital que sofrem os efeitos da
inflação e do tempo.
Taxa(i)
É o coeficiente obtido da relação dos
juros(J) com o capital(PV), que pode ser representado em forma percentual ou
unitária. A terminologia “i” vem do inglês interest que significa juro.
Apresentação das taxas
As
taxas podem ser apresentadasde duas formas:
-
Percentual (%)
-
Decimal ou unitária
Na
calculadora HP-12C será usada a forma percentual enquanto que nas
fórmulas(operações algébrias) serão usadas as taxas unitárias
Exemplo:
42%
= 42/100 = 0,42
A
primeira forma recebe o nome de forma percentual e a segunda forma unitária, ou
seja para transformarmos uma taxa percentual para forma unitária ou decimal,
basta dividir por 100.Para realizar o processo contrário, ou seja, transformar
de forma unitária para percentual, devemos multiplicar por 100.
Além
disso as taxas poderão aparecer em qualquer unidade de tempo.
Exemplo:
12%
a.t.(ao trimestre)
0,05%
a.d.(ao dia), etc
Prazo ou tempo ou período(n)
È o tempo necessário que um certo capital
(PV), aplicado a uma taxa (i), necessita para produzir certo valor de juros(j).
REGIMES DE CAPITALIZAÇÃO
Entendemos
por regimes de capitalização o processo de formação do juro.
Há
dois tipos de regimes de capitalização: a juros simples e a juro composto.
JUROS SIMPLES
É o processo de juro calculado unicamente sobre o capital
inicial. Neste regime de capitalização a taxa varia linearmente em função do
tempo. Por definição, o juro simples é diretamente proporcional ao capital
inicial e ao tempo de aplicação, sendo a taxa de juro por período o fator de
proporcionalidade.
Logo:
PV –
capital
inicial ou principal
J – juros
simples
N ou
t – tempo
de aplicação
I – taxa
de juro unitária
FÓRMULA
DE JUROS SIMPLES: J = PV.i.n
É
importante observar que essa fórmula só pode ser usada se o prazo de
aplicação n é expresso na mesma medida de tempo a que se refere à taxa i
considerada.
Exemplo:
Qual o valor dos juros correspondentes a um empréstimo de R$150.000,00, pelo
prazo de 18 meses, sabendo-se que a taxa de juros simples cobrada é de 4% ao
mês?
J=? Logo J=PV. i . n
PV=150.000 J=150.000 . 0,04 . 18
n=18
meses J=108.000,00
i =
4%am=0,04
2 –
Qual o capital emprestado, que em 18 meses, produziu os juros de R$108.000,00,
à taxa de juros simples de 4% ao mês?
PV=? n=18
meses j=108.000 i=
4% am=0,04
Logo
J=PV . i. n
108.000 = PV . 0,04 . 18
108.000 = PV . 0,72 PV=150.000
MONTANTE
É
definido como a soma do capital inicial mais os juros ganho no período da
aplicação. Portanto: FV
= J + PV
Ou FV = PV (1 + in)
Exemplo:1- Que montante receberá um aplicador que tenha
investido R$280.000,00, durante 15 meses, à taxa de juros simples de 3% ao mês?
FV=?
PV=280.000 n=15 i=3%am
= 0,03
FV =
PV(1+i.n) ou
J = PV.i.n
Fv =
280.000.(1+0,03.15) J =
280.000.0,03.15
FV=
280.000.1,45 J =
126.000 logo
FV =
406.000 FV
= J + PV
FV = 126.000 + 280.000 = 406.000
TAXAS EQUIVALENTES E TAXAS PROPORCIONAIS
A JUROS SIMPLES
Duas
taxas são ditas proporcionais quando seus valores formam uma proporção com os
tempos a elas referidos, reduzidos à mesma unidade.
Ex:
Calcule a taxa mensal proporcional a 30% ao ano:
12
meses..........30%
1
mês ...............X
logo
12.x
= 1.30
x =
30/12 = 2,5% am
Duas
taxas são ditas equivalentes quando aplicadas a um mesmo capital, durante o
mesmo período de tempo, produzem o mesmo rendimento.
Ex:
Calcule o juro produzido pelo capital de R$20.000,00:
a) à taxa
de 4% ao mês durante 6 meses;
b) à
taxa de 12% ao trimestre, durante 2 trimestres.
EM REGIME DE JURO SIMPLES, DUAS TAXAS PROPORCIONAIS SÃO
EQUIVALENTES.
Exercícios:
1 -
Calcule a taxa mensal proporcional a
a) 9%
ao trimestre
b) 24%
ao semestre
c) 0,04%
ao dia
d) 30%
ao ano.
Respostas:
a) 3% ao mês; b) 4% ao mês; c) 1,2% ao mês; d) 2,5% ao mês
JURO EXATO E JURO COMERCIAL SIMPLES
Chamamos de juro comercial a técnica de calcular os juros
simples considerando o ano com 360 dias e o mês com 30 dias.
Chamamos
de juro exato aquele que considera o ano com os seus dias exatos (365 ou 366
dias) e os meses iguais ao seu número de dias (28, 29, 30 ou 31 dias).
Para
calcular o número de dias entre duas
datas pela HP12C
Exemplo:
Determinar o nº exato de dias entre 11/03/2007 à 18/05/2007 no mesmo ano:
Pela
tabela temos 18/05 = 138 dias
11/03 = 70 dias
--------------------------
total de 68 dias corridos
Pela HP12C
Primeiro
temos que colocar no formato nacional a data:
Tecle: (g)(D.MY), esta
função está embaixo da tecla nº 4 em azul.
Agora: Digite a primeira
data: 11.032000 e dê ENTER
Digite a segunda data: 18.052000 e
tecle (g)(DYS)
Aguarde a HP12C equacionar a
resposta = 68 dias corridos
Para
calcular a data futura a partir de uma data atual:
Exemplo:Se
um CDB de 184 dias foi adquirido em 14.08.2007, qual a data de resgate?
Digite
a data : 14.082007 ENTER
Digite
o nº de dias: 184 (g) (DATE)
A
HP12C dará a resposta: 14.02.2008 4
O
dígito que aparece na extrema direita do visor indica o dia da semana, sendo
1 –
Segunda 2-Terça 3-Quarta
4-Quinta 5-Sexta 6-Sábado
7-Domingo
DESCONTO SIMPLES
Quando uma pessoa deve uma quantia em dinheiro numa data
futura, é normal que haja um título de crédito, que é o comprovante dessa
dívida (nota promissória, duplicata ou letra de câmbio).
Todo
título de crédito tem uma data de vencimento, porém, o devedor pode
resgatá-lo antecipadamente, obtendo com isso um abatimento denominado desconto.
Pode
ocorrer:
-
Que o devedor efetue o pagamento antes do dia
pré-determinado. Neste caso, ele se beneficia com um abatimento correspondente
ao juro que seria gerado por esse dinheiro durante o intervalo de tempo que
falta para o vencimento.
-
Que o credor necessite do seu dinheiro antes
da data pre-determinada. Neste caso, ele pode vender o título de crédito a um
terceiro, sendo que este obtém um lucro, correspondente ao juro do capital que
adiantou; assim, ele paga uma quantia menor que a fixada no título de crédito.
Em
ambos os casos há um benefício, definido pela diferença entre as duas
quantidades. Esse benefício recebe o nome de desconto.
As
operações anteriores são denominadas operações de desconto.
Nessas
operações temos:
Dia
de vencimento – dia fixado para pagamento do título.
Valor
nominal (Vl. Futuro ou vl. de resgate) – Valor indicado no título a ser pago no
dia do vencimento.
Valor
atual (Vl. descontado) – Valor pago ou recebido antes do vencimento.
Tempo
ou prazo – é o número de dias compreendido entre o dia em que se negocia o
título e o de seu vencimento. (Inclui o 1º dia e não o último)
Desconto
é a quantia a ser abatida do valor nominal, isto é, a diferença entre o valor
nominal e o valor atual.
O
desconto pode ser feito considerando-se como capital o valor nominal (desconto
comercial) ou o valor atual (desconto racional)
Desconto Comercial
D =
valor do desconto comercial
FV =
valor nominal
PV =
Valor atual
N ou
t = tempo
I =
taxa de desconto
D = FV. i. n
Valor
atual Comercial
PV =
FV – d
PV =
FV – (FV i n)
PV =
FV – FV. i. n
PV =
FV(1 – in)
TAXA DE JURO EFETIVA
A
taxa de juro que no período n torna o capital A igual ao montante
N é a taxa que realmente está sendo cobrada na operação de desconto.
Essa taxa é denominada taxa de juro efetiva.(i)
I = (cálculo da taxa
efetiva ao dia, ao mês, ao ano, etc)
JUROS COMPOSTOS
Juro
composto é aquele que em cada período financeiro, a partir do segundo, é
calculado sobre o montante relativo ao período anterior. Assim, no regime de
juro composto, o juro produzido no fim de cada período é somado ao capital que
o produziu, passando os dois, capital e juro, a render no período seguinte.
FV=
PV(1 + i)
J =
PV[(1 + i)n -1] onde FV =
J + PV
Estas
são as fórmulas do montante e dos juros em regime de juros compostos, sendo a
primeira também chamada fórmula fundamental do juro composto, para um número
inteiro de períodos.
O fator
(1 + i) é denominado fator
de capitalização ou fator de acumulação de capital.
Exemplo 1: Qual o montante a juros compostos, para uma
aplicação de R$15000,00, à taxa de 3% ao mês durante 18 meses?
FV=? PV =
15.000 i = 3%am=0,03 n = 18
FV = PV(1+i)n
FV = 15.000(1+0,03)18
FV = 15.000 . 1,702433
FV = 25.536,50
TAXAS EQUIVALENTES
Em juros compostos, as taxas proporcionais não são
equivalentes.
Cálculo da taxa equivalente:
i = [(1 + i)- 1] X 100
onde: i= taxa equivalente que queremos
q = prazo no
qual queremos a taxa equivalente
i= taxa que temos no prazo t
t = prazo no
qual temos a taxa dada
(memorização: o que queremos costuma estar acima do que
temos)
Sempre que trabalhamos com taxas equivalentes, é conveniente
transformamos os prazos t (que temos) e q (que queremos) em dias, para evitar
erros ao coloca-los numa mesma unidade de tempo.
Exemplos:
Qual a taxa anual equivalente a 2% ao mês?
Qual a taxa trimestral equivalente a 30% ao ano?
Caso em que o prazo de aplicação do capital não é um número
inteiro
É normal em que às vezes não temos o prazo de aplicação n,
como um número inteiro de período a que se refere a taxa de juros compostos.
Neste caso é comum utilizar:
a)
Convenção linear: considera juros compostos na parte inteira no período e
sobre a parte fracionária incide juros simples. (Mercado financeiro
americano)(Para obter esse resultado na HP12C, o C de composto não pode estar
acionado, tirando com a função (STO)(EEX)
b)
Convenção exponencial – esta convenção adota os juros compostos tanto
para os inteiros quanto para os fracionários. É a forma utilizada no nosso
mercado financeiro. (Para obter esse resultado na HP12C, o C de composto tem
que estar acionado com a função (STO)(EEX).
TAXA NOMINAL
É aquela cujo período de capitalização não coincide com
aquele a que ele se refere.
Exemplo:
48% ao ano capitalizados mensalmente.
A
taxa nominal é, em geral, uma taxa anual. Para resolvermos problemas que trazem
em seu enunciado uma taxa nominal, adotamos, por convenção, que a taxa por
período de capitalização seja proporcional à taxa nominal.
Exemplo:
Qual o montante de um capital de R$5.000,00, no fim de 2 anos, com juros de 24%
ao ano capitalizados mensalmente?
TAXA EFETIVA
Será
a taxa que deve coincidir com o período de capitalização. Exemplo: Quando
oferecemos 6% ao ano e capitalizamos semestralmente a 3%, a taxa de 6% é a taxa
nominal. A taxa efetiva é a
taxa anual equivalente a 3% semestrais.
quero=ano
= 360 dias tenho
=semestre=180 dias
2-1]x100 = [1,060900 - 1]x100 =
0,060900
x 100 = 6,09% a a
DESCONTO COMPOSTO
O conceito de desconto no regime de capitalização composta é
o mesmo do desconto simples: é o abatimento que obtemos ao saldar um
compromisso antes de seu vencimento.
Empregamos
o desconto composto para operações a longo prazo, já que a aplicação do
desconto simples comercial, nesses casos, pode levar-nos a resultados sem
nexo(O desconto comercial simples só deve ser empregado para períodos curtos,
pois para prazos longos o valor do desconto pode até ultrapassar o valor
nominal do título.)
Analogamente
ao caso do desconto simples, temos dois tipos de desconto composto: o racional
e o comercial. O desconto comercial praticamente não é empregado entre nós;
assim, ficaremos restritos ao estudo do desconto composto racional.
Valor atual, em regime de juro composto,
de um capital N disponível no fim de n períodos, à taxa i relativa a esse
período, é o capital A que, colocado a juros compostos à taxa i, produz no fim
dos n períodos o montante N.
Assim, em virtude dessa definição temos:
PV(1 + i)= FV
Logo: PV = FV(1 - i)n
Nenhum comentário:
Postar um comentário