30 de maio de 2011

A Cortina Burra da Educação Brasileira parte 2

A Cortina Burra da Educação Brasileira parte 2


     Neste artigo iremos discutir sobre a má situação da educação pública em nosso País, entre outras tantas péssimas prestações de serviços públicos que tanto atormentam a vida do povo brasileiro. Mas neste caso em questão, iremos verificar quais são os objetivos pretendidos pelo Ministério da Educação Brasileira com o seu método de administração do ensino público, e o que efetivamente essa pasta tão importante do nosso Governo consegue obter de resultado, e ainda, quais os ganhos culturais que um povo consegue obter quando este tem acesso a uma educação de qualidade. Para ser possível chegarmos a uma conclusão satisfatória teremos de falar que já faz algum tempo que estamos empenhados em encontrar explicações para o péssimo resultado da educação brasileira. É bem verdade que acreditamos que existam muitos serviços essenciais que também são indispensáveis para um povo, como: saúde de qualidade, infra-estrutura básica, segurança, moradia, transporte público e outros muitos.  Mas, porque será que citamos todas essas necessidades primárias de um povo, neste artigo sobre a educação? A resposta é bem simples. Outra noite, durante uma aula de Economia lá na Universidade, foi levantada a seguinte questão: O povo Brasileiro tem muita sorte, pois vivem num País que não é um alvo de constantes desgraças naturais, como vulcões, terremotos, furacões e outros. Sim, isso é uma verdade, concordou a maioria dos alunos da sala de aula, mas foi exatamente neste momento que uma questão foi levantada por este que escreve agora: “E os números sem fim de desgraças que acontecem todos os dias em silêncio com milhões de brasileiros?” Isso pode ser resumido no “silencio de todo um povo!” Povo esse, que convive com o desprezo diário dos seus governantes. Governantes esses, que não se cansam de demonstrar uma total incapacidade de administrar com competência a máquina pública brasileira, e com isso eles nunca dão um retorno satisfatório a toda aquela confiança e credibilidade que lhes foi dada pelo povo. Sem contar na falta de dignidade e de respeito que todo o povo brasileiro recebe diariamente, seja ela no seu trajeto até o trabalho utilizando o péssimo transporte público que lhe é oferecido a um preço desmedido, na falta de um atendimento digno numa unidade de saúde pública, ou então na segurança pública dos cidadãos, segurança essa, a que todos nós temos o Direito Constitucional. Mas, como este assunto é extenso e muito complexo, e agora não conseguiremos abordá-lo com a devida atenção que ele merece, pois não se trata apenas de criticar os políticos, mas sim de apontar melhores caminhos como: a profissionalização e a cobrança por melhores resultados dos funcionários públicos. Sabemos que este é um assunto difícil, porém não deve ser evitado por muito mais tempo, afinal nem toda a sociedade brasileira é funcionária pública, e por isso é que deixaremos para um próximo artigo este assunto tão importante, agora voltaremos ao nosso tema central: A Cortina Burra da Educação Brasileira.


Podemos visualizar logo abaixo a meta do Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo), para os alunos do 9º.ano do ensino fundamental das escolas estaduais da capital:

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    Língua Portuguesa:                          Matemática e ciências da natureza
          Abaixo do Básico até 199                                          Abaixo do Básico até 199 
          Básico de 200 a 274                                                 Básico de 200 a 274 
          Adequado 275 a 324                                                 Adequado 275 a 324
          Avançado a partir de 325                                          Avançado a partir de 325

Fontes: Secretária de Estado da Educação e da reportagem (28.05.2011) do Jornal São Paulo Agora (Grupo Folha)   WWW.agora.com.br
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Abaixo está uma parte do Ranking do 9º. Ano das escolas estaduais da Capital-SP
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   Estas são as 5 “melhores notas que as Escolas Estaduais alcançaram:
  Língua Portuguesa                              Matemática         Ciências e Ciências da Natureza
    267,4                                             287,2                                 295,9  
    263,3                                             279,6                                 282,1
    258,3                                             278,8                                 279,1
    257,7                                             268,7                                 275,9
    255,7                                             266,0                                 275,4

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  - Compare e perceba o Panorama do Ensino Público do nosso País -


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         Língua Portuguesa:                                                       Matemática e ciências da natureza
          Abaixo do Básico até 199                                                                            Abaixo do Básico até 199  
          Básico de 200 a 274                                                                Básico de 200 a 274 
          Adequado 275 a 324                                                                Adequado 275 a 324
          Avançado a partir de 325                                                                             Avançado a partir de 325
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 - Saresp - (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo)

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Estas são as 5 piores notas que as Escolas Estaduais obtiveram:

Língua Portuguesa                    Matemática         Ciências e Ciências da Natureza
    161,7                                            214,1                            178,7
    192,1                                            218,0                            180,4
    193,8                                            220,5                            183,1
    197,2                                            220,8                            199,3
    198,5                                            221,2                            200,3
 
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O panorama exposto logo acima, deixa claro que nenhuma escola estadual da capital-SP alcançou uma nota considerada adequada para o 9º. ano, isso quer dizer que: todas as escolas Públicas do Estado de São Paulo ficaram nos níveis básicos e abaixo do nível básico. Em outras palavras isso quer dizer que: o aluno chegando ao primeiro ano do ensino médio terá grande dificuldade em fazer uma conta de multiplicação simples, já que ele não aprendeu bem as contas básicas, e este mesmo aluno terá dificilmente em conseguir resolver uma simples equação do segundo grau.



Após mais essa triste comprovação de incapacidade administrativa dos gestores públicos do “nosso” Brasil, mesmo assim eles insistem em atuar com total incompetência na administração das ferramentas da Máquina Pública, acredito que isso sirva para deixar um alerta para o próximo ato de cidadania que todos nós teremos de cumprir, que são as próximas eleições obrigatórias. E se depender da qualidade do ensino público deste nosso País chamado Brasil, creio que muitos outros gestores públicos sem capacidade administrativa serão eleitos por nós brasileiros, que somos cada vez reféns dessa Cortina Burra da Educação Brasileira. Agora, mesmo sob este imenso clima de frustração que invade a nossa pessoa de cidadão, vamos acompanhar agora, o que uma educação de qualidade é capaz de trazer para todo um povo.


     A história nos mostra que quando os primeiros navios trouxeram da Europa algumas noticias e os primeiros livros com algumas idéias do iluminismo sobre a Liberdade e à igualdade entre os homens, isso lá no século XVIII, já encontraram aqui no Brasil alguns defensores desses pensamentos. Muitos já lutavam contra a escravidão que aprisionava vidas, contra a manutenção do então sistema colonial que inibia a liberdade econômica e oficializava a exploração das riquezas brasileiras pelas nações européias. E, será que temos algum desses fatos que ainda continuam nos dias de hoje?  Bem, vamos continuar esta viagem sobre a educação de qualidade e verificar o que um povo com educação pode alcançar. Veremos agora que Cipriano Barata era um dos homens que defendiam algumas idéias de liberdade naquela época aqui no Brasil e que ele lutava contra a escravidão, defendia o regime republicano e participou de alguns movimentos rebeldes contestando a ordem vigente: a Conjuração Baiana, de 1798, e a Confederação do Equador, de 1824. E esse é só um exemplo de uma lista enorme de pessoas que lutavam pelos ideais divulgados pelo mundo fundamentos pela Revolução Francesa, e talvez essa lista aqui no Brasil chegasse a ocupar todas as páginas de um jornal de domingo. Ao mesmo tempo, já se vão mais de 500 anos desde a chegada dos portugueses e da conquista das terras brasileiras, e será que já conseguimos realmente conquistar maior igualdade de direitos entre os cidadãos? Igualdade política? Igualdade econômica? Igualdade racial? Igualdade de gênero? O respeito dos nossos Governantes? Será que alcançamos alguma delas realmente? Será que a igualdade pregada pela Revolução Francesa há mais de 200 anos ainda produz algum eco em nossa sociedade? Ou será que a nossa sociedade atual só se interessa em atualizar o seu perfil na internet e/ou bisbilhotar a vida alheia?


     Mesmo com todas as mudanças comportamentais acontecendo sem parar e impulsionadas pelo mundo digital em que vivemos, as pessoas continuam falando muito sobre cidadania e a necessidade da ampliação dos direitos dos cidadãos em um país que já viveu por muitas crises políticas e institucionais, e que há bem pouco tempo saiu de um Regime Militar (1964 até 1984). É certo que essas conquistas só aconteceram movidas pelas muitas lutas sociais que exigiam todos esses direitos. Mas você já parou para perguntar em que ponto dessa trajetória estamos? O que ainda falta? E os nossos governantes? Será que eles defendem realmente a ampliação dos Direitos Sociais e das igualdades? (...pelo menos em época de eleição é dito isso). Será que os nossos Políticos atuais realmente se esforçam para isso? Será que os antigos e os atuais privilégios desses políticos, alguns herdados desde os tempos do Brasil colonial, foram rompidos em nome dessa igualdade tão pregada por eles em época de eleição?

    “- Quantas perguntas sem respostas!”



     Mas, por que será que um adolescente do terceiro milênio irá ater-se a essas questões em pleno mundo digitalizado? Mundo esse que só busca a diversão e o rápido sucesso individual a qualquer preço! O que podemos constatar é que mesmo com o grande avanço tecnológico a que o mundo globalizado se submeteu, e com a grande velocidade atual das informações e das comunicações, isso por si só não consegue garantir qualquer conquista social e, menos ainda, uma maior igualdade econômica. Realmente percebemos que falta uma participação mais efetiva da sociedade, uma busca pela conscientização política, uma crítica abalizada e uma reinvidicação permanente dos direitos e do respeito a que todas as pessoas merecem. E é neste sentido, que o “estudo” de qualidade, o ato de ensinar, de discutir idéias, a possibilidade de ter acesso a fatos importantes da história humana podem se transformar em um momento de reflexão e de tomada de posição diante das muitas possibilidades e projetos de organização social que o nosso país e o mundo apresentam. Podendo também contribuir para a formação de um povo mais lúcido e esclarecido durante o seu estágio de crescimento, para que ele saiba decidir de qual mundo adulto ele pretende fazer parte. Então, para finalizarmos este, é preciso que além do desejo de transformar o Brasil num País de pessoas com acesso a uma educação de qualidade, é necessário que façamos uma reflexão acerca do mundo em que estamos mergulhados atualmente, ou será que já não deixamos de viver efetivamente as nossas vidas, só para manter um “perfil” com mais de 1 (um) milhão de seguidores do mundo digital? Será?






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