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9 de setembro de 2017

Karl Marx - Filósofo e Revolucionário Alemão




Sabe-se que Karl Marx nasceu em Trèves, cidade ao sul da Prússia Renana, na fronteira da França, em 5 de Maio de 1818, ele era o filho mais novo de uma família judaica de classe média da cidade. Filho de Herschel Marx, advogado e conselheiro da justiça, e devido a sua descendência de judeus, foi perseguido pelo governo absolutista de Frederico Guilherme III.


Trajetória de Karl Marx 

·        Em 1835 concluiu o curso ginasial no Liceu Friedrich Wilhelm.

·  Ainda nesse ano e boa parte de 1836, Karl estudou Direito, História, Filosofia, Arte e Literatura na Universidade de Bonn em Iena.

·      No ano de 1841 obteve o seu doutoramento em Filosofia com uma tese Sobre as diferenças da filosofia da natureza de Demócrito e de Epicuro.

·      Marx foi um filósofo e revolucionário alemão.

· Ele criou as bases da doutrina comunista, onde criticou o capitalismo.

·  A sua filosofia exerceu influência em várias áreas do conhecimento, tais como Sociologia, Política, Direito, Teologia, Filosofia, Economia, entre outras.


Ainda no final de 1836, Marx foi para Berlim, onde se propagam as ideias de Hegel, destacado filósofo e idealista alemão. Marx se alinha com os "hegelianos de esquerda", que procuram analisar as questões sociais, fundamentados na necessidade de transformações na burguesia da Alemanha. Entre 1838 e 1840, dedica-se a elaboração de sua tese, em busca de um cargo de professor. Em 1841, na Universidade de Iena, apresenta o trabalho "A Diferença Entre a Filosofia da Natureza de Demócrito e a de Epicuro".


Por motivos políticos, Karl não é nomeado, as universidades não aceitam mestres que seguem as ideias de Hegel. Desiludido, dedica-se ao jornalismo. Escreve artigos para os Anais Alemães, de seu amigo Arnold Ruge, mas a censura impede sua publicação. Em outubro de 1842, muda-se para Colônia, e assume a direção do jornal Gazeta Renana, mas logo após a publicação do artigo sobre o absolutismo russo, o governo fecha o jornal.

Em julho de 1843, casa-se com Jenne, irmã de seu amigo Edgard von Westphalen. O casal muda-se para Paris, onde junto com Ruge funda a revista "Anais Franco Alemães", onde publica os artigos de Fredrich Engels. Marx publica "Introdução à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel" e "Sobre a Questão Judaica". Ingressa numa sociedade secreta, mas é expulso da cidade.

Publica em 1848 o "Manifesto Comunista", onde já esboça suas principais ideias com a luta de classes e o materialismo histórico. Em fins de 1844, Marx começa a escrever para o "Vornaerts" em Paris. As opiniões desagradam o governo de Frederico Guilherme V, imperador da Prússia, que pressiona o governo francês a expulsar os colaboradores da publicação, entre eles Marx e Engels. Em fevereiro é obrigado a sair da França. Vai para Bélgica.

Dedica-se a escrever teses sobre o socialismo e mantém contato com o movimento operário europeu. Funda a "Sociedade dos Trabalhadores Alemães". Junto com Engels, adquirem um semanário e se integram à "Liga dos Justos", entidade secreta de operários alemães, com filiais por toda a Europa. No 2º Congresso da Liga, são solicitados para redigir um manifesto. Com base no trabalho de Engels, Os Princípios do Comunismo, Marx escreve o "Manifesto Comunista", que envia para Londres em Janeiro de 1848.


Na obra, Karl critica o capitalismo, expõe a história do movimento operário, e termina com um apelo pela união dos operários no mundo todo. Pouco tempo depois, Karl e sua mulher são presos e expulsos do Bélgica. Depois de vários exílios e privações, finalmente se instalam em Londres. Apesar da crise, em 1864 funda a "Associação Internacional dos Trabalhadores, em Londres" que fica conhecida como "Primeira Internacional". Com a ajuda de Engels, publica em 1867, o primeiro volume de sua mais importante obra, "O Capital", em que sintetiza suas críticas à economia capitalista.

Ao escrever "Crítica ao Programa de Gotha", condena o programa que o partido socialista alemão adotara em 1875. As teorias de Marx influenciaram a Revolução Russa de 1917, teóricos e políticos como Lênin, Trotski, Stalin e Mao Tsé-Tung. Assim, sua doutrina esteve presente em vários países, como a extinta URSS, a China e Cuba.




Karl Heinrich Marx morre em Londres, no dia 14 de março de 1883, em consequência de uma bronquite e de problemas respiratórios.

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A Alienação e a Emancipação do Ser Humano
O marxismo — a filosofia de Marx — é um dos movimentos filosóficos mais importantes da história da humanidade. Neste final de século, que assistiu à queda de regimes ditos comunistas, devemos recordar que, durante grande parte do século XX, aproximadamente metade da humanidade viveu sob regimes políticos inspirados no pensamento de Marx (ou que pelo menos assim se consideravam a si próprios).

Mesmo para quem não tenha lido uma única linha de Marx, o seu nome aparece ligado a uma ideia que provocou aceso debate no nosso século e, mais do que isso, lutas, revoluções, medos e paixões: o comunismo.


"Proletários de todos os países, uni-vos!”  Esta palavra de ordem, lançada por Karl Marx em 1848 no final do Manifesto do Partido Comunista, tornou-se a das Internacionais. É retomada nas bandeiras socialistas.


 Como Marx chegou a essa ideia?

·        O que era, para ele, o comunismo?

         O comunismo corresponde a uma determinada forma de organização social e econômica que, segundo Marx, iria abolir a exploração do homem pelo homem. Ao longo da história tem-se assistido à alienação do homem, isto é, à sua desumanização. Marx revela ou põe em evidência que o progresso tecnológico (o desenvolvimento das forças produtivas, dos meios de produzir riqueza e bens que satisfaçam as necessidades dos homens), não se tem traduzido numa libertação e emancipação do homem.


E o século em que Marx viveu (século XX) constitui um exemplo perfeito deste desconcertante contraste: com a aceleração da Revolução Industrial verificou-se, em comparação com séculos anteriores, um extraordinário aumento das fontes produtoras de riqueza (máquinas, matérias-primas, etc.), e, contudo, as relações sociais e de produção mostram que vivemos em um mundo completamente desumano, onde a degradação, a exploração, a miséria e o embrutecimento da maioria dos homens atingiram, a bem dizer, o seu ponto extremo. A análise histórico-materialista de Marx descobriu o sentido ou a lógica profunda da evolução histórica das sociedades e dos homens: a história dos homens tem sido praticamente desde o início, a história da luta de classes, uma série de conflitos determinados por interesses econômicos antagônicos. Ela é o produto deste confronto entre classes.


 - Ora, as classes sociais são o quê? 

Elas são o resultado de um determinado desenvolvimento econômico da humanidade. A classe economicamente dominante no tempo de Marx (a burguesia) constituiu-se como tal porque soube acompanhar o desenvolvimento econômico (das forças produtivas) que conduziu à ultrapassagem do modo de produção feudal — essencialmente agrícola — e ao predomínio da indústria. Mas o que tem sido característico das revoluções a que até agora assistimos é que no plano das relações de produção elas têm mantido a opressão sobre a esmagadora maioria dos homens.

Mudam o nome do opressor e as condições de opressão, mas esta continua. A sociedade industrial capitalista define-se pela seguinte relação entre os homens na produção material: a burguesia detém em exclusivo a propriedade dos meios produtivos e os operários industriais — a maioria — 50 podem encontrar forma de subsistir ou sobreviver vendendo a única coisa que possuem, isto é, a sua força de trabalho.


Tal desigualdade no acesso aos meios que permitem produzir bens materiais e riqueza necessários à vida está na base da exploração. A vítima fundamental dessa exploração é uma classe a que Marx dá o nome de proletariado. O proletário é o trabalhador que recebe um salário miserável em troca da riqueza e dos produtos de que o burguês — o patrão, o empresário — se apropria. Esse salário encobre uma escravatura, uma redução do trabalhador a mero instrumento produtivo submetido à vontade de lucro do capitalista. A existência do proletariado é um sinônimo da inexistência de um mundo humano.


O proletário só pode sobreviver sendo explorado, transformado numa máquina que deve produzir, com a menor despesa, o maior lucro possível. Nestas condições, o trabalho, forma de afirmação da humanidade do homem, perdeu essa função, tornou-se uma forma de negação do homem, das suas potencialidades humanas: não liberta, escraviza.


Na sociedade capitalista a alienação tem duas faces: o proletário aliena-se porque nesse ato produtivo que é o trabalho ele é escravo do desejo de lucro que constitui a obsessão do capitalista (este reduz o operário a uma condição animalesca); o capitalista também está alienado (separado da sua humanidade): obcecado pelo desejo de lucro, de acumulação de riqueza, torna-se escravo desse desejo, não é um homem entre os homens, mas o lobo insaciável que devora e consome a vida dos outros.


No entender de Marx, a exploração e a alienação tornaram-se particularmente agudas com o advento do capitalismo: a obsessão tipicamente capitalista pelo lucro intensifica a opressão, a miséria dos desfavorecidos. Contudo, segundo a interpretação marxista, a história real dos homens é também, paradoxalmente, a caminhada necessária para a libertação de todas as cadeias que oprimem os homens. O comunismo, melhor dizendo, a sociedade comunista, uma sociedade sem exploradores e sem explorados — porque sem propriedade privada dos meios de produção — não é um ideal, não é o desejo puro e simples de uma «bela alma» revoltada com a degradação do homem e as injustiças da sociedade capitalista. O advento desse tipo de sociedade onde o homem poderá realizar a sua natureza social e a sua liberdade não será o resultado de ‘prédicas moralizantes’. Ele está inscrito no próprio movimento da história. Na Ideologia Alemã, Marx e Engels escrevem:

 O comunismo não é para nós um estado de coisas que deva ser criado, nem um ideal sob o qual a realidade se deverá regular. Chamamos comunismo ao movimento real que abole o estado atual.

 Em outras palavras, a evolução histórica, o desenvolvimento das forças produtivas, a passagem sucessiva do modo de produção escravagista ao feudal e deste ao capitalista, é o lento e doloroso caminho que a história dos homens percorreu para, necessariamente, chegar a uma sociedade justa. Já vimos que a história era, para Hegel, um processo evolutivo necessário e não uma sequência caótica de acontecimentos. Para Marx a história é também uma totalidade inteligível, dotada de sentido na sua evolução. Rejeitando a ideia hegeliana de que a força motriz dessa evolução é o Espírito (será antes o fator material ou econômico) Marx aplica à sua interpretação materialista da história o método dialético. A dialética percorre interiormente as relações de produção. Cada classe economicamente dominante não pode perpetuar, embora fosse essa a sua vontade, a sua situação privilegiada no palco histórico. Ela própria cria as condições da sua ultrapassagem ou negação.



 Referindo-se à sociedade capitalista, Marx dirá que ela nasceu da ultrapassagem de contradições que se verificavam no seio do modo de produção feudal (as relações de produção baseadas na posse da terra estavam em contradição com as transformações das forças produtivas, com a industrialização e o comércio desenvolvidos pela burguesia). Se o desenvolvimento industrial conduziu à vitória da burguesia sobre a classe feudal (a nobreza) ele será também a arma que se vai virar contra os interesses da própria burguesia, ao criar uma classe extremamente numerosa, radicalmente oposta ao modo de produção capitalista baseado na propriedade privada de empresas, fábricas, minas, matérias-primas, meios de transporte, em suma, dos meios produtivos.

         Em virtude do movimento dialético da história, a burguesia, ao criar o mundo capitalista, criará também, segundo as previsões de Marx, os seus coveiros. O advento da sociedade comunista será o resultado necessário do desenvolvimento dialético da história. Contudo, seria simplista pensar que o movimento da história ‘empurrará’ os homens para esse novo mundo. Se o homem é um produto da história, esta também é feita pelos homens. Por isso é preciso que o proletariado adquira consciência revolucionária, isto é, não tenha só existência econômica (como objeto de exploração e opressão), mas também consciência de classe, do seu estatuto econômico. O materialismo histórico-dialético é o instrumento de conscientização revolucionária da classe operária, é a doutrina que, negando as ilusões de que ela é vítima, mostrando-lhe que a sua condição miserável não é um destino inultrapassável ou invencível, reforçará a sua capacidade de luta, dar-lhe-á a entender que o sentido da evolução histórica aponta para a derrota da burguesia.

Descendo do ‘céu da especulação’, a filosofia deve inserir-se na realidade concreta, no terreno histórico, captando o sentido da evolução da história humana, a causa da inexistência de um mundo verdadeiramente humano e apontando as condições objetivas que permitirão revolucionar o mundo e dar-lhe um rosto humano. É esta filosofia — chamada materialismo histórico — empenhada em tornar-se instrumento eficaz de transformação do mundo, de emancipação e libertação do homem, que iremos estudar. Iremos assistir à negação da filosofia enquanto pura e simples teoria e à sua transformação em práxis social. É tempo, diz Marx, de a filosofia deixar de ser simples interpretação do mundo (muitas vezes incompleta, inadequada e deformada) ou ilusória transformação deste, para se tornar efetivamente revolucionária ou transformadora. Orientar a filosofia para a solução real de problemas reais do homem, eis uma das motivações do pensamento de Marx.



Contexto Socioeconômico do Pensamento de Marx 

Nascido quase trinta anos depois da Revolução Francesa, Marx vive numa época que assiste ao triunfo da burguesia, à aceleração da Revolução Industrial que se iniciara na Inglaterra e à implantação da ideologia liberal capitalista. A burguesia proclama a igualdade jurídica e, por vezes, política dos cidadãos, mas no plano social e econômico impera uma gritante desigualdade.


- Sociologicamente encontramos, essencialmente, duas classes:


- A burguesia, proprietária do capital e dos meios de produção da riqueza.

- O proletariado, a grande massa de operários industriais formada pelos antigos artesãos e trabalhadores agrícolas excedentários que se viram afastados das suas ocupações tradicionais pelo impacto do desenvolvimento industrial.

         O capitalismo está em pleno desenvolvimento, exaltando a ideia de absoluta liberdade de competição, do máximo lucro possível. Sem legislação que o proteja, o operário está à mercê do poder, dos caprichos e dos interesses do empresário (do patrão), tão livre para contratar como para despedir. Desenvolve-se o maquinismo e as novas tecnologias permitem ao empresário usar menos mão de obra, aumentando assim o desemprego entre os operários.

 Os operários assalariados são explorados de forma selvagem, impiedosa. Como o objetivo do patrão é o de reduzir gastos e aumentar rapidamente os lucros, as fábricas não têm o mínimo de condições para o operário: são insalubres, sem qualquer condição higiênica, não têm ventilação e, por vezes, encontram-se encharcadas. São dirigidas de forma despótica pelo seu dono ou, mais frequentemente, por capatazes que infligem castigos físicos ou psíquicos quando não se rende o previsto.

 Ao operário exigem-se aproximadamente 14 horas de trabalho diário (incluindo domingos e feriados, embora, por vezes, se reduzam algumas horas nestes dias). Contudo, por vezes, o dia de trabalho atinge às 18 horas, com breves intervalos para comer (o ideal para muitos trabalhadores nessas circunstâncias era um horário de 60 horas semanais). Em algumas fábricas criam-se cobertos onde os trabalhadores se amontoam para dormir as poucas horas de descanso diário.

 O salário de miséria apenas cobre as necessidades mais vitais e, embora possa subir o mais frequente é que desça, tendo em conta a grande quantidade de desempregados existentes. O trabalho é ferozmente regulamentado: em muitas fábricas proíbe-se, por exemplo, assobiar, conversar, fumar, havendo multas para os infratores. Em caso de doença, o operário deve procurar e pagar a um substituto porque se falta ao trabalho fica sem salário por ‘perda de energia mecânica’. Não existem nem segurança social nem subsídios de desemprego.

 O maior temor, para o operário, é o desemprego. É isso que o faz tolerar tão más condições de trabalho. O regime de liberdade absoluta existente nas relações patrão-operário permite àquele despedir o trabalhador por qualquer causa. A situação dos desempregados é insustentável; sem dinheiro, vêm-se condenados à fome, de vez em quando atenuada por refeições gratuitas de entidades de beneficência.




Por outro lado, os empresários recorrem à mão de obra infantil (empregam-se crianças de 5 ou 6 anos) e feminina, à qual se paga somente um terço ou um quarto do salário dos homens. Essa mão de obra é fácil de encontrar e de explorar porque as famílias veem-se obrigadas a empregar todos os seus membros para satisfazer as suas necessidades mínimas. Muitas vezes as crianças são abandonadas pelos pais ou entregues a instituições de «acolhimento» que, «para poderem cobrir as despesas», as empregam em qualquer trabalho (minas, fábricas, etc.). E tudo isto com o beneplácito dos governos na resposta de William Pitt aos empresários ingleses que queriam isenção do pagamento de impostos por causa dos ‘elevados salários’ dos operários: Recorrei às crianças.

          A experiência mostrou-nos o que pode produzir o trabalho das crianças e as vantagens que se podem obter empregando-as desde pequenas nos trabalhos que podem fazer.

Nestas circunstâncias, as possibilidades de educação ou de instrução de qualquer tipo eram nulas, o que reduzia o perigo da luta e da reivindicação operárias por falta de preparação e de conscientização.

O regresso do operário a ‘casa’ era a continuação do degredo. As habitações eram de dimensões muito reduzidas e com um mobiliário mínimo. Elas eram muito úmidas e quase sem ventilação, muito sujas. A fome e as enfermidades pairavam sobre as famílias, frequentemente numerosas, que se apinhavam nelas.

As consequências de tudo quanto precede são a proliferação de doenças, especialmente das vias respiratórias, a alta mortalidade e, por isso, a baixa esperança de vida (em alguns bairros operários a média não passava dos 16 anos, ao passo que nos bairros burgueses superava os 50 anos).

 Numerosos relatos se fizeram sobre as penosas condições de vida dos operários nos países industrializados da Europa. A mais famosa foi publicada pelo doutor Villermé em 1840 (Engels na sua obra Situação da Classe Operária em Inglaterra, escrita em 1845, também se refere a essa condição).

 Estes são alguns pontos do ‘Relatório Villermé’ que servirão para sintetizar informações já apresentadas e completá-las:

·    Jornada laboral de 14 ou mais horas.

·    Não havia fins de semana: trabalhava-se aos domingos e nos dias feriados.

·    Nada de «férias pagas» ou não pagas: «ir de férias» seria eufemismo para perder o emprego.

·  Não havia segurança social, ou seja, o operário doente não recebia qualquer dinheiro: só havia salário quando se trabalhava.

·  Não havia legislação para acidentes de trabalho: se alguém devido a acidente ficava inválido não recebia qualquer ‘pensão de invalidez’: tornava-se dependente, ou de familiares ou da ‘caridade pública’

·    Não existiam reformas: quem, devido à idade, não pudesse trabalhar iria ficar na mesma situação do inválido por acidente.

·    Os empregados eram despedidos de uma forma totalmente livre, à vontade do patrão.




O Mundo Operário e suas Condições de Trabalho


O fato mais revoltante era a disposição legal existente em Inglaterra segundo a qual se podia, antecipadamente, vender o trabalho dos filhos. Vejamos esta monstruosidade com detalhe: um pai, que trabalhasse o máximo que podia, devido ao miserável salário que recebia — era a chamada ‘lei de bronze’ do salário, isto é, pagar ao trabalhador o mínimo para que não morresse de fome — não podia satisfazer por si as necessidades da família. Então se dirigia ao patrão e pedia dinheiro. Este dava como pagamento do trabalho que, no futuro, realizasse o filho do operário. Quando este atingir a idade de começar a trabalhar, que sabemos ser bem cedo, ele iria se encontrar na seguinte situação: conforme o montante adiantado pelo patrão ao pai, trabalhará sem nada receber, suponhamos os três, quatro ou cinco primeiros anos, porque o seu pai já os recebeu (e, como é óbvio, o dinheiro que o pai recebeu já há muito tempo que está gasto). Não sendo as únicas vozes que se ergueram contra esta situação revoltante, Marx e Engels pensavam ser aquelas a solução mais eficaz, e as propuseram contra esta situação do proletariado, contra a ‘escravatura remunerada’.


 Contexto Sócio-Político do Pensamento de Marx

O marxismo afirma que cada época cria os seus próprios pensadores, capazes de elaborar as concepções globais nas quais a problemática do tempo não só se exprime como encontra projetos conscientes de solução. Esta afirmação vale também para Marx e Engels. O que a tese inicial quer dizer é que para lá da influência geral do plano social e histórico nas concepções filosóficas de uma época, há entre estas algumas que constituem uma resposta sistemática à problemática da época. Pretende sublinhar que essas concepções são produto específico dessa época e estão muito vinculadas à sua dinâmica socioeconômica.

A época em que Marx nasce e morre pode considerar-se como a época em que a burguesia consolida o seu poder, destronando a aristocracia e o absolutismo e desenvolvendo de forma nunca vista as forças produtivas da sociedade. Ao mesmo tempo é a época em que outra classe social, a operária, se expande numericamente e adquire progressivamente autonomia organizativa e política. Se tivéssemos que definir o marxismo e o seu desenvolvimento conceptual diríamos: o marxismo constitui a concepção que, partindo da análise das condições históricas sob as quais se formaram a burguesia e as suas concepções políticas, revela também as condições em que se constitui a classe que a substituirá no centro do palco histórico: o proletariado.

Para concretizar a caracterização que fazia da época de Marx o tempo da consolidação do domínio político da burguesia e da formação e ascensão do proletariado, cabe assinalar alguns fatos sociais e alguns acontecimentos de importância vital para o desenvolvimento do pensamento de Marx. A sua vida decorreu entre 1818 e 1883, abrangendo seis décadas do século XIX. A primeira parte da sua vida tem como marco histórico a Restauração, isto é, o reestabelecimento dos velhos poderes da aristocracia e do absolutismo.


 A Santa Aliança e Mettemich contêm o impulso da burguesia e o liberalismo em França, Espanha, Alemanha, Áustria e Itália. Durante anos parece como se a Revolução Francesa e Napoleão tivessem existido em vão. A Santa Aliança apoia-se na Rússia, onde os velhos poderes continuam incólumes, pois, devido ao débil desenvolvimento econômico, não sofreram ataques sérios por parte da burguesia. No ano de 1848 verifica-se uma grande vaga revolucionária. Na maioria dos Estados o absolutismo tem de ceder perante os ataques da burguesia radical, apoiada pelo proletariado. A questão palpitante desse ano é a de saber se essa vaga terá um desenlace meramente político e de predomínio burguês ou se desembocará numa revolução social com predomínio proletário.

 O conflito que posteriormente arrebenta entre burgueses e proletários leva a que em França se imponha plenamente o poder burguês, que generaliza a repressão contra operários e artesãos. França e Inglaterra seguem, neste aspecto, o mesmo caminho. Nos outros países esse conflito permite aos velhos poderes (aos absolutistas e aos aristocratas) recuperar mais uma vez o seu predomínio. O ano de 1848 foi crucial para Marx e para o seu pensamento. Toma consciência de que a revolução proletária necessita de mais tempo e de uma classe operária mais numerosa e preparada. O seu pensamento liberta-se, assim, dos últimos restos utópicos, para se concentrar na análise, o mais objetiva possível, da realidade econômica burguesa. O fruto maduro, ainda que não plenamente acabado, dessa análise será O Capital.




Contexto Intelectual do pensamento de Marx
- as influencias e sua utilização crítica


Numa obra intitulada Três Fontes e Três Partes Integrantes do Marxismo, o famoso revolucionário russo Lenine afirma que o marxismo é o sucessor natural do que de melhor a humanidade criou no século XIX: a filosofia alemã, a econômica política inglesa e o socialismo francês. Esta posição de Lenine foi aceite pela generalidade dos historiadores da filosofia. Tratemos, então, de explicitar:

         A filosofia alemã. — De Hegel recebeu Marx a ideia de que a realidade é um processo histórico-dialético e que, portanto, se identifica com a História e com o método dialético. A concepção dialética da realidade significa como já sabemos que cada figura ou momento histórico contém em si a sua própria negação, não sendo, portanto definitiva ou estática.

Da chamada esquerda hegeliana, recebeu Marx, a ideia de que a religião é uma objetivação ou uma projeção ao Infinito das necessidades, desejos e ideais do homem, concluindo-se daí que é o homem que cria Deus e não o contrário. A esquerda hegeliana, constituída, sobretudo, por filósofos como Feuerbach e Max Stirner, critica o caráter especulativo da filosofia hegeliana, centrando-se no problema religioso. O seu grande contributo consiste na concepção da religião como alienação do homem.

Apesar de na introdução à sua obra Crítica da Filosofia do Direito de Hegel Marx ter escrito que a crítica da religião é o ponto de partida de toda e qualquer crítica, ele irá denunciar o caráter unilateral e abstrato de uma crítica que se limite ao fenômeno religioso, pois faltaria, segundo Marx, esclarecer as raízes concretas, materiais ou econômicas, que conduzem o homem à alienação religiosa e a outras formas de alienação.


 A economia política inglesa

Durante o seu exílio em Londres, Marx estudou profundamente durante muitos anos os economistas ingleses, sobretudo Adam Smith e David Ricardo. A obra destes economistas é, em termos técnicos, fundamental para compreender a análise marxista da sociedade capitalista. O contato com a obra de Smith e Ricardo permitiu a Marx conhecer a fundo os mecanismos da economia capitalista, os processos históricos que produzem a acumulação de capital, além de lhe ter permitido explicar a situação política das classes sociais da sua época. Partindo de Adam Smith, mas contrariando o seu pensamento, Marx estabelece uma ideia muito importante a respeito da estabilidade das leis econômicas: enquanto que para Adam Smith as leis econômicas da sociedade capitalista do seu tempo eram leis universais e necessárias, válidas para todos os tempos e todos os tipos de sociedade, para Marx essas leis não tinham universalidade nem necessidade, pois eram simplesmente leis próprias da sociedade capitalista e, portanto, iria durar o tempo que esta durasse.

 O pensamento socialista francês. — Foi considerado por Engels, grande amigo e colaborador de Marx, como socialismo utópico porque pretendia transformar a sociedade sem o conhecimento das leis necessárias que regem o devir histórico. Em termos gerais, é mais um pensamento reformista do que um pensamento revolucionário. Deve, contudo, destacar-se que de Saint-Simon parece ter Marx recebido à ideia de que o aspecto mais importante de uma sociedade não é a estrutura político-religiosa, mas sim, a estrutura econômica, as relações de produção. Quando nos referimos às influências no pensamento de Marx deve notar-se que ele adapta perante elas uma atitude extremamente crítica, desenvolvendo-se o seu pensamento a partir da crítica às fontes que de certa forma o inspiram.















Fonte e Sítios Consultados







5 de julho de 2017

Administração Financeira, aprenda sobre...



O nosso tema é sobre Administração Financeira - nos dicionários da Web é fácil encontrar explicações para esse termo, elas afirmam que essa disciplina trata dos assuntos relacionados à administração das finanças de empresas e organizações, ou seja, é um ramo privativo à Administração. Porém vamos tentar que você entenda o sentido e o significado de finanças - que na verdade correspondem ao conjunto de recursos disponíveis circulantes em espécie que serão utilizados em transações e negócios com transferência e circulação de dinheiro.

Sabendo da necessidade de se analisar e expor a real situação econômica da empresa com relação aos seus bens e direitos garantidos – ao analisarmos isso é possível verificar que as finanças fazem parte do cotidiano, no controle dos recursos para compras e aquisições, tal como no gerenciamento e a própria existência da empresa, nas suas respectivas áreas, seja do marketing, da produção, da contabilidade ou do planejamento estratégico, gerencial e operacional em que se tomam as decisões na condução da empresa - decisões estas que foram baseadas nos dados e informações financeiras.




Administração Financeira - a administração financeira é a formulação de um sistema capaz de maximizar retorno aos proprietários/acionistas de uma empresa e ao mesmo tempo propiciar certo grau de liquidez. Na verdade a função financeira dentro de uma empresa esta diretamente relacionada com a decisão de se fazer, ou não um investimento, e à decisão de se fazer um financiamento, sem esquecer que estas duas funções principais estão interligadas. Além disso, a função financeira abrange numerosos outros aspectos, além dos indicados até agora. Se fossemos distinguir finanças das outras funções nas empresas, a característica escolhida para diferenciar seria o tempo, pois os dias, meses, anos ou décadas. Na realidade todas as outras funções dentro de uma empresa com fins lucrativos visam um maior rendimento, maior aproveitamento, lucro, investimento, etc., e tudo isso necessita de um cálculo financeiro perfeito.


     Finanças ela ocupa-se do processo, instituições, mercados e instrumentos envolvidos na administração financeira, que corresponde aos esforços despendidos objetivando a formulação de um sistema que seja adequado à maximização dos retornos dos proprietários das ações ordinárias da empresa, ao mesmo que se possa propiciar a manutenção de certo grau de liquidez. Na verdade a função financeira dentro de uma empresa esta diretamente relacionada com a decisão de se fazer um investimento e à decisão de se fazer um financiamento, sem esquecer que estas duas funções principais estão interligadas. Além disso, a função financeira abrange numerosos outros aspectos, além do indicado até agora. Se fossemos distinguir finanças das outras funções nas empresas, a característica escolhida para diferenciar seria o tempo, pois os dias, meses, anos ou décadas. Na realidade todas as outras funções dentro de uma empresa com fins lucrativos visam um maior rendimento, maior aproveitamento, lucro, investimento, etc., tudo isso necessita de um cálculo financeiro. Finanças é a aplicação de uma série de princípios econômicos e financeiros objetivando a maximização da riqueza da empresa e do valor das suas ações.

·        Maximização da riqueza – é a contribuição para o valor da empresa pela seleção daqueles investimentos que possuem a melhor compensação entre risco e retorno. E como se define compensação entre risco e retorno? Dado um nível de risco, é a taxa desejada de retorno que justifica a execução de um investimento.

·        Função do Administrador Financeiroa gestão financeira geralmente é associada a um alto executivo da empresa, denominado diretor financeiro ou vice-presidente de finanças. O vice-presidente de finanças coordena as atividades do tesoureiro e do controlador. A controladoria preocupa-se com a contabilidade de custos e a contabilidade financeira, com os pagamentos de impostos e com os sistemas de informação gerencial. A tesouraria tem a responsabilidade pela gestão do caixa e da área de crédito da empresa, por seu planejamento financeiro, e pelos gastos de investimento. Numa empresa menor, o tesoureiro e o controlador talvez sejam a mesma pessoa, não se encontrando dois departamentos distintos.




Decisões da Administração Financeira

O administrador financeiro ocupa-se com três tipos básicos de questões: 

Ø Orçamento de Capital: Processo de planejamento e gestão dos investimentos de uma empresa em longo prazo. Nessa função o administrador financeiro procura identificar as oportunidades de investimento cujo valor para a empresa é superior ao seu custo de aquisição. Em termos amplos, isto significa que o valor do fluxo de caixa gerado por um ativo supera o custo desse ativo. 

Ø Estrutura de Capital: Combinação de capital de terceiros e capital próprio existente na empresa. O administrador financeiro tem duas preocupações, no que se refere a essa área. Primeiramente, quanto deve a empresa tomar emprestado? Em segundo lugar, quais são as fontes menos dispendiosas de fundos para a empresa? Além destas questões, o administrador financeiro precisa decidir exatamente como e onde os recursos devem ser captados, e, também, cabe ao administrador financeiro à escolha da fonte e do tipo apropriado de recurso que a empresa, por ventura, tomará emprestado. 

Ø Administração do Capital de Giro: O capital de giro são os ativos e passivos circulantes de uma empresa. A gestão do capital de giro de uma empresa é uma atividade diária que visa assegurar que a empresa tenha recursos suficientes, por um período previamente determinado, para continuar suas operações e evitar interrupções dispendiosas para o caixa da empresa. Estas três áreas de administração financeira – orçamento de capital, estrutura de capital e administração do capital de giro – são muito amplas. Cada uma delas inclui uma variedade de tópicos.




MODALIDADES DE ORGANIZAÇÕES DE EMPRESAS

ü Firma Individual: Empresa de propriedade de um único indivíduo. É um tipo de empresa de criação mais simples e sujeita a menos regulamentação. O proprietário de uma firma individual tem direito a todo o lucro da empresa, porém tem responsabilidade ilimitada sobre as dívidas da mesma. Não há distinção entre rendimentos de pessoa física e de pessoa jurídica, de modo que o lucro da empresa é tributado como se fosse rendimento de pessoa física. A duração da firma individual é limitada pela vida do proprietário e o capital próprio, que pode ser reunido, é limitado à riqueza pessoal do proprietário. 

ü Sociedade Por Quotas: é semelhante a uma firma individual, excetuando-se o fato que tem dois ou mais proprietário (sócios). Numa sociedade geral, todos os sócios participam dos lucros e prejuízos, e todos têm responsabilidade ilimitada por todas as dívidas da empresa, e não apenas por uma porção delas. Numa sociedade limitada, um ou mais sócios gerais serão responsáveis pela gestão da empresa e terão responsabilidade ilimitada, mas haverá um ou mais sócios limitados que não terão participação ativa no negócio. A responsabilidade de um sócio limitado por dívidas da empresa é restrita ao montante que tenha contribuído para o capital da sociedade. A maneira pela qual os lucros ou prejuízos da sociedade são repartidos é descrita no contrato social. 

ü Sociedade por Ações: Empresa criada como entidade jurídica independente, formada por uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas. A formação de uma sociedade por ações envolve a confecção de um documento de incorporação e um estatuto. A sociedade por ações é a forma superior de organização de empresas, no que diz respeito a levantar recursos e transferir a propriedade de um investidor a outro, mas apresenta a uma grande desvantagem: a dupla tributação. 



OBJETIVOS DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

Maximização de Lucro: O objetivo mais geral da administração financeira é maximizar o valor de mercado do capital dos proprietários existentes, não importando se a empresa é uma firma individual, uma sociedade de pessoas (quotas) ou por ações. Em qualquer delas, as boas decisões financeiras aumentam o valor de mercado do capital dos proprietários.

Objetivos básicos da Administração Financeira:

Ø Manter a empresa em permanente situação de liquidez, como condição básica ao desenvolvimento de suas atividades. Uma empresa apresenta boa liquidez quando seus ativos e passivos são administrados convenientemente. O importante é manter os fluxos das entradas e saídas de caixa ‘sob controle’ e conhecer antecipadamente as épocas em que irá faltar numerário.

Ø Obter novos recursos para planos de expansão, com base em estudos de viabilidade econômico-financeira e aos menores custos para que a empresa se perpetue e, para tanto, tem de realizar investimentos em tecnologia, novos produtos, etc., que poderão sacrificar a rentabilidade atual em troca de maiores benefícios no futuro. A grande concorrência existente nas modernas economias de mercado obriga as empresas a se manterem tecnologicamente atualizadas. Nenhuma pode sentir-se segura em uma boa posição, porque a qualquer momento algum concorrente poderá surgir com um produto melhor e mais barato. Deste modo, as empresas são impelidas a desenvolverem continuamente novos projetos e a tomarem decisões sobre a sua implantação. Normalmente isto significa a necessidade de grandes somas adicionais de recursos e uma elevação no risco do empreendimento. O retorno deve ser compatível com o risco assumido. Maior risco implica a expectativa de maior retorno.

Ø Assegurar o necessário equilíbrio entre os objetivos de lucro e os de liquidez financeira, quantificando os planos de expansão de acordo com as possibilidades de obtenção de recursos, próprios ou de terceiros.



DECISÕES FINANCEIRAS BÁSICAS

·        Investimentos: A preocupação primordial diz respeito à avaliação e escolha de alternativas de aplicação de recursos nas atividades normais da empresa. Consiste num conjunto de decisões visando dar à empresa a estrutura ideal em termos de ativos – fixos e correntes – para que os objetivos da empresa como um todo seja atingido. Nessa área, o enfoque básico é a obtenção do maior resultado (retorno) possível, dado o risco que os proprietários da empresa estão dispostos a correr. 

·        Financiamento: O que se deseja fazer é definir e alcançar uma estrutura ideal em termos de fontes de recursos, dada à composição dos investimentos. É preciso compreender, desde já, que a função financeira, cuja finalidade é assessorar a empresa como um todo e proporcionar os recursos monetários exigidos, não determina, por isso mesmo, quais as aplicações a serem feitas pela empresa. Isto decorre dos objetivos e das decisões da administração e/ou dos proprietários da empresa em um nível mais alto. À administração financeira resta conseguir o recurso necessário para financiar essa estrutura de investimento ao mais baixo custo possível. 

·        Utilização (destinação) do lucro líquido: Há uma área de decisões também comumente conhecida pelo nome de política de dividendos, que se preocupa com a destinação dada aos recursos financeiros que a própria empresa gera em suas atividades operacionais e extra operacionais. É nesta área que surgem as indicações mais claras do inter-relacionamento das áreas de investimento, financiamento e utilização do lucro líquido. O inter-relacionamento deve-se ao fato indiscutível de que o lucro retido pela empresa (ou seja, o lucro não pago sob a forma de dividendos em dinheiro) constitui-se numa de suas fontes de recursos. Logo, também é problema das decisões de financiamento determinar quanto do lucro líquido disponível deve ser retido, com a decisão complementar forçosa a respeito da proporção que deve ser distribuída aos proprietários. Além disso, também há relações entre decisões de investimento e de utilização do lucro líquido. Nas decisões de investimento, certo retorno deve ser alcançado: digamos então que seja considerada a utilização de lucros retidos para financiar certas aplicações - essa possibilidade deveria ser admitida apenas quando a alternativa de investimento prometesse um retorno superior aos que os proprietários poderiam conseguir se eles mesmos aplicassem os recursos porventura recebidos em decorrência da distribuição de lucros. As magnitudes relativas dos riscos envolvidos nas aplicações disponíveis à empresa e aos proprietários, fora dela, também precisam ser consideradas.


RELAÇÕES DE AGENCY
A relação entre acionistas e administradores é denominada relação de agency. Existe quando alguém ("principal") contrata outra pessoa ("agente") para cuidar de seus interesses. Em tais relações existe a possibilidade de conflito de interesses entre o principal e o agente. Tal conflito é denominado de problema de agency. Discutir o problema de agency, na medida em que este se relaciona com a maximização da riqueza dos proprietários e o papel da ética nessa questão. Um problema de agency advém do fato de que os administradores, na qualidade de representantes dos proprietários, podem colocar seus objetivos pessoais à frente dos objetivos empresariais. Forças de mercado, tanto as oriundas dos acionistas, particularmente de grandes investidores institucionais, como as ameaças de compras hostis (takeovers), tendem a prevenir ou a minimizar o problema de agency. 




ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL 

ANÁLISE VERTICAL - A análise vertical facilita a avaliação da estrutura do Ativo e do Passivo bem como a participação de cada item da Demonstração de Resultado na formação do lucro ou prejuízo. O cálculo do percentual de participação relativa dos itens do Ativo e do Passivo é feito dividindo-se o valor de cada item pelo valor total do Ativo ou do Passivo. Para a participação relativa dos itens da Demonstração de resultado o cálculo é feito dividindo-se cada item pelo valor da Receita Líquida, pois esta é considerada como base. (Ex. no final) Outras constatações podem ser extraídas, mas a utilidade aumenta sensivelmente se a análise vertical for utilizada conjuntamente com a análise horizontal.

           ANÁLISE HORIZONTAL - A análise horizontal tem a finalidade de evidenciar a evolução dos itens das demonstrações contábeis, por meio dos períodos. Calculam-se os números-índices estabelecendo o exercício mais antigo como índice-base 100. Podem ser calculados, também, aumentos anuais.

Limitações da Análise horizontal

ü Quando o valor do item correspondente no exercício-base for nulo, número-índice não pode ser calculado pela forma proposta, pois os números são divisíveis pelo número zero. Nesses casos, podem ser analisadas variações em valores absolutos;

ü  Quando o exercício-base apresenta um número negativo e no exercício seguinte o número fica positivo (e vice-versa), matematicamente, é calculável, mas o resultado deve ser tratado com bastante cuidado, para não ocorrerem interpretações equivocadas da evolução.


ANÁLISE POR MEIO DE ÍNDICES
            A técnica de análise por meio de índices consiste em relacionar contas e grupos de contas para extrair conclusões sobre tendências e situação econômico-financeira da empresa. O analista pode trabalhar com índices ou percentuais. A classificação dos índices pela empresa pode ser como ótimo, bom, satisfatório ou deficiente, ao compará-los com os índices de outras empresas do mesmo ramo ou porte. Esta comparação é possível através das publicações em revistas especializadas.


Abaixo segue alguns indicadores da situação econômico-financeira:


ÍNDICES E FÓRMULAS

Estrutura de Capital   
Participação dos Capitais de Terceiros (PCT) =
Exigível total ÷ Exigível + Patrimônio Líquido


Composição do endividamento (CE) =
Passivo circulante ÷ Exigível total


Imobilização do capital próprio (ICP) =
Ativo permanente ÷ Patrimônio líquido


Imobilização dos Recursos não correntes (IRNC) =
Ativo permanente ÷ Patrimônio líquido + Exigível a L.P.

Liquidez
Liquidez Geral (LG) =
Ativo Circulante + Ativo real. L.P ÷ Passivo Circ. + Passivo exig. L.P


Liquidez corrente (LC) =
Ativo circulante ÷ Passivo circulante


Liquidez seca (LS) =
Ativo circ. – Estoques – Desp.exerc.seguinte ÷ passivo circulante


Liquidez imediata (LI) =
D i s p o n í v e l ÷ Passivo Circulante

Rotação
Giro dos estoques (GE) =
Custo dos produtos vendidos ÷ Saldo médio dos estoques


Giro das contas a receber (GCR) =
Receita operacional bruta – Devol./abatimentos ÷ Saldo médio das contas a receber


Giro do ativo operacional (GAOP) = Receita operacional líquida ÷ Saldo médio do ativo operacional

Prazo médio     
Prazo médio de estocagem (PME) = Saldo médio dos estoques ÷ Custo dos prod. vendidos / 365 dias

Prazo médio das contas a receber (PMCR) =
Saldo médio das contas a receber ÷ (Rec. Oper.Bruta – Devol. e abatim.) / 365 dias


Prazo médio de pagamento a fornecedores (PMPF) =
Saldo médio de fornecedores ÷ Compras brutas / 365 dias

Rentabilidade 
Margem bruta (MB) =
Lucro bruto ÷ Receita Oper. líquida


Margem líquida (ML) =
Lucro líquido ÷ Receita Oper. líquida


Rentabilidade do capital próprio (RCP) =
Lucro líquido ÷ Saldo médio do Patr. Líquido


ÍNDICES DE ESTRUTURA DE CAPITAL - Esses índices indicam o grau de dependência da empresa com relação a capital de terceiros e o nível de imobilização do capital. Quanto menor o índice, melhor.

ÍNDICES DE LIQUIDEZ - Os índices de liquidez mostram a situação financeira da empresa. Quanto maior o índice, melhor. Um aspecto importante que deve ser considerado é que a empresa precisa "repor" os ativos circulantes que converter em dinheiro, para não interromper sua atividade operacional. Nessas condições, os ativos circulantes passam a ter características permanentes. Portanto, os índices de liquidez são válidos para os casos em que a empresa é "liquidada". 

ÍNDICES DE ROTAÇÃO -
Os índices de rotação (giros) evidenciam o prazo de renovação dos elementos patrimoniais, dentro de determinado período de tempo. A análise do giro dos ativos fornece informações sobre aspectos de gestão da empresa, tais como as políticas de estocagem, financiamento de compras e financiamento de clientes. Com relação ao giro dos estoques (e prazo médio de estocagem), as empresas procuram aumentar, pois quanto mais rápido vender o produto, mais o lucro aumentará. Esse raciocínio é válido desde que a margem de contribuição seja positiva e o aumento do giro não implique "custos extras" em volume superior ao ganho obtido pelo aumento do giro. O mesmo é válido, também, em relação ao giro das contas a receber (e prazo médio das contas a receber), em termos de quanto mais rápido a empresa receber, melhor. Já em relação ao prazo médio de pagamento a fornecedores, quanto maior, melhor, ou seja, quanto mais tempo para pagar, melhor. Frequentemente, o prazo médio de pagamento a fornecedores é comparado com o prazo médio das contas a receber. Por exemplo, a empresa compra com prazo de 81 dias e vende com prazo de 68 dias, ela tem condições de recomprar antes mesmo de totalizar o pagamento aos fornecedores. 

INDICES DE RENTABILIDADE -
Esses índices medem quanto está rendendo os capitais investidos. São indicadores muito importantes, pois evidenciam o sucesso (ou insucesso) empresarial. São calculados, geralmente, sobre as receitas líquidas, porém, em alguns casos, pode ser interessante calcular sobre as receitas brutas deduzidas somente das vendas canceladas (devoluções) e abatimentos. Como pode ser observado, este índice quanto maior, melhor.


Ao final desse artigo sobre algumas das questões da Gestão Financeira é importante lembrar que outros assuntos corporativos possuem gerências separadas e enfoques diferentes, mas mesmo assim eles têm um relacionamento muito forte com a gestão financeira. Ou seja, tudo que se pensa dentro de uma corporação tem um impacto financeiro no orçamento, isso significa dizer que sempre se faz necessária uma avaliação profunda no diz respeito aos novos investimentos e seus prováveis retornos e custos reais.



19 de junho de 2017

Negociação - o que é preciso saber...





        Você conhece ‘bem’ os seus limites em uma negociação? Até onde podemos ir para obter sucesso em um processo de negociação?

Existe uma grande diferença entre  negociar e pechinchar - muitos confundem e acabam dando nomes errados aos bois. A primeira diferença está na semântica das palavras,  pechinchar é uma ação  e negociar é um processo. Pechinchar é muito simples e a grande maioria das pessoas faz isso em algum dia de suas vidas, já negociar é um processo mais complexo, a negociação exige planejamento, estratégia, técnica, persuasão e relacionamento entre as pessoas.

Os limites são os extremos até onde podemos chegar negociando, eles podem ser limites financeiros ou de interesses. O limite financeiro deve ser definido pelos dois lados da negociação, ou seja, quem deseja vender algo, por exemplo, deve estabelecer o limite mínimo onde pode chegar sem que a venda lhe cause uma insatisfação no fechamento do negócio, por outro lado, o limite máximo deve ser estabelecido pela parte que deseja comprar, o que corresponde ao valor máximo que está disposto a pagar sem prejuízo dos seus interesses ou mesmo que fique insatisfeito com o resultado da negociação.





Outro fato importante durante uma negociação é saber que quando pechinchamos estamos abrindo mão de tudo, com o único objetivo de obter um desconto em produto ou serviço. Por outro lado, espera-se muito mais do que um simples desconto em um processo de negociação bem conduzido, as pessoas precisam se preocupar com o outro lado, com os relacionamentos de longo prazo, com a parceria, com a qualidade do produto ou serviço, com os prazos de entrega, garantias, continuidade de fornecimento, transferência de tecnologia e claro, custos mais baixos – mas, notem que custos mais baixos nem sempre significam preços menores.

Os limites de interesses são mais difíceis de serem estabelecidos, pois são abstratos ou intangíveis, difíceis de serem quantificados ou valorizados. Quase sempre os limites de interesses variam conforme o “calor” da negociação ou intensidade do desejo de alcançar um objetivo. Podemos dar como exemplo as negociações que ocorrem entre sindicatos de trabalhadores e sindicatos patronais. Quais seriam, por exemplo, os verdadeiros interesses dos sindicatos dos trabalhadores: reajustes de salários acima da inflação, estabilidade do emprego ou participação nos lucros? Seja ele qual for, o importante é estabelecer um desses interesses como limite, ou seja, escolher um interesse como o mais importante e, do qual não se pode abrir mão e deixar os demais como “interesses” negociáveis, aqueles que poderão ser cedidos em troca do limite, é bem provável que com este foco as negociações se tornarão mais produtivas.

Mas o preço pode ser um objetivo em uma negociação? Sim e é bastante comum de acontecer, mas em um processo de negociação usa-se a barganha para negociar preços, que ao contrário da pechincha, pressupõem trocas, que podem ser sucessivas, onde um lado cede algo para conseguir em troca algo que lhe interesse e que irá ajuda-lo a alcançar o objetivo final.





O importante em relação aos limites das partes é o sigilo, não é aconselhável revelar o seu limite à pessoa com quem se está negociando, quando isto acontece você acaba por transferir o poder da negociação para a outra parte e dificilmente você conseguirá direcionar a negociação para um resultado favorável a você. Podemos citar como exemplo a compra de um automóvel, quando você diz ao vendedor que pode pagar X, ele provavelmente o “forçará” a pagar mais do que o X, oferecendo um financiamento ou outra “facilidade” para que você feche o negócio, pois você já demonstrou interesse e ansiedade em adquirir o bem no momento da revelação do seu limite.

Importante:

Identificar o seu limite e tentar descobrir o limite do outro são atividades que devem ser realizadas na fase da preparação da negociação, preferencialmente antes de qualquer confronto com a outra parte. O seu limite deve ser definido com base no seu interesse e na sua disposição em ceder para consegui-lo. O limite da outra parte você pode tentar descobrir através de uma pesquisa, mas mesmo assim poderá ser uma informação imprecisa, por isso, também é muito importante na fase da preparação que você estabeleça alternativas à negociação caso o processo não caminhe da forma como planejou.

Portanto, existe uma grande diferença entre negociar e pechinchar, negociação é um processo nobre que demanda tempo e que utiliza estratégia, com o intuito de atingir um objetivo pré-estabelecido, focando sempre os interesses das partes. Pode-se considerar que o resultado uma vez alcançado, foi fruto de argumentos estrategicamente bem construídos, os quais permitiram ao negociador chegar ao final da negociação com a certeza e a segurança de que o negócio é sustentável e foi muito bem realizado. Porém, é bom lembrar que nem sempre, em um processo de negociação, todas as partes saem satisfeitas, por isso é importante construirmos alternativas à negociação, mas este será assunto em outra postagem.

  

Nota: Lembre-se sempre da importância de saber o seu limite e elaborar estratégias para atingir os seus interesses, afinal, isso lhe trará mais confiança no processo de negociação e aumentará as suas chances de sucesso.









Fonte e Sítios Consultados

http://csconsultoriaetreinamento.com.br




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